Oposição a Assad escolheu sírio-americano para primeiro-ministro interino

Opositores sírios escolheram Ghassan Hitto, que também tem nacionalidade norte-americana.

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Ghassan Hitto, depois da eleição OZAN KOSE/AFP

A Coligação Nacional Síria, que agrupa opositores ao regime de Bashar al-Assad, escolheu segunda-feira à noite um primeiro-ministro interino dos territórios controlados por rebeldes. Chama-se Ghassan Hitto.

Hitto, que foi até 2012 quadro superior de uma empresa de telecomunicações no Texas, e é também cidadão dos Estados Unidos, juntou-se em Novembro à oposição síria e participou na assistência humanitária à população a partir da Turquia.

Nascido em Damasco, 50 anos, Hitto é casado e tem quatro filhos. Executivo de empresas de tecnologia e comunicação, estudou informática e matemáticas em Indiana e dedicou 25 anos às telecomunicações. Conjugou a actividade profissional com a direcção da academia Brighter Horizons, uma escola privada que promove um sistema educativo baseado no modelo islâmico. É considerado uma solução de consenso entre as correntes islamistas e liberais que integram a coligação.

“Ghassan Hitto ganhou com 35 dos 49 votos”, anunciou Hicham Marwa. A votação foi feita após cerca de 14 horas de consultas entre os cerca de 70 membros da coligação. Eram 12 os candidatos, alguns acabaram por desistir. O principal concorrente de Hitto era Assaad Moustapha, que foi ministro da Agricultura de Hafez al-Assad, pai do actual Presidente sírio. Assaad Moustapha obteve sete votos.

Oposição dividida
Diversos membros da coligação recusaram participar na votação, num sinal de divisões entre os opositores de Assad.  “É um voto transparente, um voto democrático”, disse o presidente da coligação, Ahmed Moaz al-Khatib.

A eleição, realizada num hotel de Istambul, é um passo importante na intenção dos opositores de Assad de criarem um governo interino para gerir as zonas que controlam, no Norte e Leste do país. O dirigente, que saudou o "grande” povo sírio, anunciou para breve o “programa do novo governo”. “Estamos convosco e, se Deus quiser, venceremos”, afirmou.

Na mesma noite, a aviação do regime sírio bombardeou pela primeira vez o Líbano, desde o início da guerra civil, há dois anos.

Um membro da coligação, Samir Nashar, confirmou à AFP, antes da votação, que “o primeiro-ministro vai deslocar-se à Síria e contactar com chefes de grupos rebeldes que combatem o regime”. A viagem é determinante para a legitimação de Hitto, porque a representatividade da coligação é, frequentemente, contestada por rebeldes que combatem no terreno.

Hitto tem o apoio do Exército Livre da Síria, principal grupo armado dos rebeldes. “Apoiaremos esse Governo e trabalharemos sob a sua égide”, disse o chefe de Estado-Maior, Selim Idriss, antes da eleição. “Assumimos a responsabilidade de proteger o governo [interino] em todas as zonas libertadas da Síria, e se um ministro quiser ir a uma zona não-libertada, assumimos a responsabilidade de o proteger, até ao coração de Damasco.”

Na semana passada, a França e o Reino Unido anunciaram a intenção de fornecer armas aos rebeldes sírios, mesmo que a União Europeia não chegue a um consenso sobre o assunto. Pelo menos 70 mil pessoas foram mortas desde o início dos protestos, inicialmente pacíficos, contra Assad.

 
 
 

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