Rússia e Ucrânia chegam a acordo para prolongar tréguas

Leste da Ucrânia continua a viver episódios de violência, Mais um jornalista morto

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Separatista pró-russo num das estradas que levam a Lugansk JOHN MACDOUGALL/AFP

Os Governos de Kiev e Moscovo comprometeram-se a prolongar as tréguas entre as forças separatistas pró-russas e as autoridades ucranianas que combatem na região leste do país, e a estabelecer “controlos efectivos” na zona de fronteira com a Rússia, avançou ontem uma nota divulgada pelo gabinete do Presidente francês François Hollande, um dos mediadores das negociações entre os dois países.

O acordo, alcançado poucas horas antes do termo de um cessar-fogo temporário decretado a 20 de Junho para a realização de conversações de paz, foi divulgado pelos serviços do palácio do Eliseu após uma segunda conferência telefónica entre os Presidentes da França, Ucrânia, Rússia e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

Segundo o comunicado, o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, aceitaram trabalhar para a “adopção de um acordo de cessar-fogo bilateral”. Todavia, a nota não avança quais os possíveis termos desse acordo, nem indica nenhuma data para o fecho desse processo. Para além disso, o Eliseu informa que os dois líderes acertaram a “organização de negociações tripartidas” e a libertação de reféns e prisioneiros.

Apesar das garantias e compromissos telefónicos, a situação no terreno não se alterou substancialmente: ambos os lados acusaram o inimigo de violar as tréguas ao longo do fim-de-semana, e as hostilidades resultaram na morte de cinco soldados ucranianos.

Na capital ucraniana, têm-se repetido os protestos contra a suspensão das operações militares contra os separatistas no Leste – o Presidente Petro Poroshenko, que aceitou a extensão das tréguas até esta segunda-feira, tem cada vez menor margem de manobra. Pelo seu lado, Putin parece apostado em fazer arrastar as negociações.

Mais um jornalista morto
Um operador de câmara que trabalhava para o primeiro canal da televisão estatal russa, foi morto a tiro no Leste da Ucrânia, onde separatistas pró-russos combatem as forças ucranianas. Anatoli Klian, de 68 anos que trabalhava há mais de 40 anos na estação, encontrava-se a fazer uma reportagem, na noite de domingo, com os rebeldes junto a uma unidade militar ucraniana na região de Donetsk, segundo informações disponibilizadas pela televisão russa.

“Kiev está a prejudicar o já frágil cessar-fogo”, reagiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, que acusou as forças de Kiev de terem disparado contra o jornalista. Moscovoo afirmou também que esta morte é a prova “clara que os ucranianos não querem parar com a escalada do conflito no leste do país.”

Desde o início do conflito, entre as forças ucranianas e os separatistas do Leste do país, já morreram três jornalistas que trabalhava para orgãos de comunicação social russos. A 17 de Junho de 2014,um engenheiro de som de uma televisão estatal russa foi atingindo por um morteiro durante os confrontos perto da cidade de Lugansk. A 24 de Maio, um fotógrafo italiano e o seu colega russo foram também apanhados por um morteiro, perto da cidade Slaviansk.

Esta segunda-feira termina também o prazo que a União Europeia estabeleceu para que a Rússia e os separatistas tomassem medidas concretas para atenuar a violência no terreno. Caso não haja uma acalmia nos combates, a UE alertou que está pronta para impor mais sanções a Moscovo, que acusa de armar os rebeldes e instigar o separatismo nas zonas pró-russas da Ucrânia.

 

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