Onda de pilhagens na Argentina faz dois mortos e 45 feridos

Governo enviou 400 militares para a zona turística de Bariloche. Foram detidas 250 pessoas e há registo de 45 feridos.

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Os saques começaram na zona turística de Bariloche e estenderam-se a Buenos Aires, Rosário e Santa Fé Trilcec Reyes/Reuters

Uma onda de pilhagens em supermercados e outros estabelecimentos comerciais em pelo menos cinco cidades argentinas fez dois mortos e levou à detenção de 250 pessoas. Os incidentes, que trazem à memória a grave crise económica e social do país há 11 anos, provocaram também 45 feridos.

Na sexta-feira, a polícia disparou gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar dezenas de jovens que tentavam entrar à força num supermercado nas proximidades da capital.

Os incidentes começaram horas antes, na estância de esqui de Bariloche, na Patagónia, e propagaram-se às cidades de Rosário, na província de Santa Fé, e às províncias de Entre Ríos e Chaco.

Nas imagens transmitidas pelas estações de televisão vêem-se jovens a forçar a entrada em lojas. Saíam com alimentos, mas também com aparelhos electrónicos, roupa e outros acessórios.

Na zona turística de Bariloche – onde, há dois anos, os habitantes das zonas mais pobres protagonizaram violentos protestos contra a morte de três jovens, baleados pela polícia –, as autoridades registaram saques em seis supermercados, lojas e estações de serviço. Destes incidentes resultaram 35 feridos, entre os quais 15 alegados saqueadores e 20 polícias. O Governo ordenou o envio de 400 militares para a cidade.

"Quando os vemos a levar televisores, sabemos que não se trata de fome", afirmou Daniel Scioloi, governador da província de Buenos Aires, citado pela agência Reuters.

O Governo da Presidente Cristina Kirchner culpa os sindicatos pelo que considera ser um incitamento à violência: "Há pessoas na Argentina que querem provocar o caos e a violência e marcar a nossa época festiva com sangue", disse o responsável pela segurança interna, Sergio Berni, acrescentando que "a Argentina não é a mesma de 2001".

Cristina Kirchner tem usado várias vezes a trágica situação a que o país chegou no início do século XX para relativizar o actual estado da economia. Após vários anos de grande expansão, o crescimento do país abrandou no último ano e a inflação ronda agora os 23%.

Notícia corrigida às 13h29

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