Objecto que agrediu Serra não está identificado

Foto
José Serra com militantes, ontem, no calçadão do Campo Grande, no Rio de Janeiro Sergio Moraes/Reuters

O que ontem era um rolo de autocolantes transformou-se, de um dia para o outro, numa simples “bola de papel”. Não se trata de magia, mas de versões diferentes sobre a agressão que José Serra, o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDSB), sofreu ontem durante tumultos entre apoiantes tucanos e militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), no Rio de Janeiro.

Imagens divulgadas pela SBT mostram Serra a ser atingido por um objecto não identificado – mas sinalizado pela estação brasileira como sendo uma bola de papel – o que contradiz a versão do PSDB de que o tucano protegeu a cabeça com as mãos por ter sido agredido na testa com um objecto pesado.

Serra “sente o impacto e olha para o chão”, mas mantém-se na caminhada de braços no ar com sinal de vitória, no calçadão do Campo Grande, no oeste do Rio. Os tumultos continuam. Serra aguarda numa carrinha. E só 20 minutos mais tarde leva a mão esquerda à cabeça, depois de falar ao telemóvel, mostra a SBT numa reportagem televisiva.

Levado a uma clínica em Botafogo, Serra fez uma tomografia, mas nenhum ferimento local foi identificado. Apenas sentiu “náuseas”, pelo que lhe foi recomendado repouso.

O médico que falou à comunicação social a fazer o ponto de situação sobre a saúde do candidato foi Jacob Kligerman, antigo secretário de saúde do ex-presidente democrata do estado do Rio de Janeiro Cesar Maia (aliado de Serra).

Hoje, o tucano disse estar recuperado. Na sua conta do Twitter explicou ter parado 24 horas “por recomendação médica” e agradeceu aos seguidores a preocupação com o seu estado de saúde.

PT desesperado, diz vice de Serra

A agressão foi encarada entre os tucanos como um sinal de “desespero” por parte da campanha do PT, de Dilma Rousseff, escreve a “Folha de São Paulo” no seu site.

Num encontro que juntou ontem duas mil pessoas no aniversário do candidato a vice-presidente de Serra, no Rio de Janeiro, Indio da Costa aconselhou o PT a ter “juízo, juízo, juízo.”

E relatou a sua versão dos factos: “Estava do lado do Serra, abraçado com ele, quando veio aquele pacote enorme. Bateu na cabeça dele e fez até barulho. Um negócio pesado. Devia ter uns dois quilos.”

Hoje, foi Dilma que enfrentou hostilidades numa acção de rua em Curitiba.Na capital do Paraná, onde Serra venceu na primeira volta, três balões de água foram atirados na direcção da candidata de Lula enquanto desfilava em campanha num jipe, mas apenas foram atingidos militantes que a acompanhavam, descreve o “Estadão”.

Ontem, citada pelo “Estadão”, Dilma Rousseff disse não aceitar “[qualquer] campanha manipuladora em violência”, repudiou a agressão a Serra e recomendou aos militantes do PT que não aceitem provocações.

“Não faço campanha do submundo, não divulgo panfletos apócrifos e não divulgo mentiras”, criticou, numa referência a material anti-Dilma mandado recolher no domingo pelo Tribunal Superior Eleitoral (responsável pelas presidenciais de 31 de Outubro).

Na última sondagem do Ibope para a TV Globo e O Estado de São Paulo, divulgada na noite de ontem – que já não apanhou o "efeito" das notícias sobre a agressão – Dilma fica 11 pontos percentuais à frente de Serra.

A petista quase duplicou a vantagem, para os 51 por cento das intenções de voto contra 40 por cento de Serra. E lidera entre o eleitorado feminino, o que não acontecia na última sondagem, há uma semana.

Notícia actualizada às 18h35
Sugerir correcção
Comentar