Obama fala à nação na terça-feira e insiste na necessidade de um ataque à Síria

“Fui eleito para acabar com as guerras, não para começá-las”, mas o mundo não pode ficar de “braços cruzados”, disse o Presidente dos EUA.

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Obama: o mundo não pode ficar "um lugar mais perigoso" Kevin Lamarque/Reuters

O Presidente norte-americano Barack Obama, que procura o apoio do Congresso para uma intervenção militar na Síria, anunciou esta sexta-feira que vai falar à nação na próxima terça-feira.

“Fui eleito para acabar com as guerras, não para começá-las”, mas o mundo não pode ficar de “braços cruzados” depois do ataque com armas químicas que Washington acusa o regime sírio de ter ordenado.

Obama falava numa conferência de imprensa no final do G20 em São Petersburgo, na Rússia. Pouco antes, o Presidente russo, Vladimir Putin, confirmou que os dois líderes falaram cerca de 20 minutos sobre a Síria. “A conversa foi construtiva, significativa, cordial. Cada um manteve a sua posição”, disse Putin que permanece um aliado do regime de Damasco e que se opõe a uma acção militar contra a Síria.

O Presidente americano disse ainda que, apesar de a maioria dos membros do G20 considerar que uma intervenção na Síria terá sempre que passar pela aprovação de uma resolução da ONU, essa mesma maioria também está de acordo sobre a responsabilidade do regime de Bashar al-Assad no ataque químico de dia 21 de Agosto nos arredores da capital síria que provocou pelo menos centenas de mortos.

“Nos próximos dias vou continuar a falar com os outros líderes internacionais e com o Congresso, e vou tentar explicar da melhor maneira que posso ao povo americano, mas também à comunidade internacional, a necessidade de agir de forma apropriada”, disse Obama.

“Preferia muito mais trabalhar através dos canais multilaterais e das Nações Unidas para fazer isto”, continuou o Presidente dos EUA. “Mas em ultima análise, aquilo em que acredito ainda mais profundamente…é que quando é quebrada desta forma uma norma tão importante [a proibição do uso de armas químicas] e a comunidade internacional está paralisada e gelada e não actua, então a norma deixa de ser norma. E se essa norma se desintegra, então outras normas e proibições também começam a ser violadas. E isso faz do mundo um lugar mais perigoso”.

“Resposta internacional forte”
Num sinal de que Obama pode não estar completamente sozinho, onze países presentes na cimeira do G20 apelaram em comunicado conjunto a uma “resposta internacional forte” depois do recurso a armas químicas na Síria, garantindo que os indícios apontam “claramente” para a responsabilidade do regime de Bashar al-Assad nos ataques de 21 de Agosto.

Austrália, Canadá, França, Itália, Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Espanha (que não é formalmente membro mas sim convidado permanente do G20), Turquia, Reino Unido e Estados Unidos são os signatários deste apelo divulgado no site da Casa Branca.

França aguarda
A França, porém, ao mesmo tempo que assinou o apelo e que é o único país europeu que se mostrou disposto a atacar militarmente a Síria, vai esperar pela conclusão do relatório dos inspectores das Nações Unidas antes de decidir que tipo de compromisso assimirá. "Vamos esperar pelo relatório e vamos esperar pelo Congresso [americano]", disse o Presidente François Hollande na conferência de imprensa que deu em São Petersburbo no final do G20.

O que significa, segundo a Reuters, que o envolvimento da França nos ataques aéreos contra o regime de Damasco poderá não ser conhecido antes do final de Setembro. Fontes diplomáticas da ONU disseram a esta agência noticiosa que o relatório dos inspectores demorará semanas a ficar conluído.

Não ficou claro pelas palavras de Hollande se defende a intervenção apenas com um mandato da ONU - Holande disse que é "preferível" ter esse mandato. Quanto ao tipo de intervenção militar, o Presidente francês defendeu que os raides aéreos devem visar apenas alvos militares de forma a se evitar "baixas civis".
 

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