Estado Islâmico diz ter decapitado norte-americano raptado em 2013

Vídeo divulgado este domingo mostra um jihadista ao lado de uma cabeça decepada, dizendo que decapitou o refém Peter Kassig.

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Kassig trabalhava na área humanitária, depois de se retirar da carreira militar AFP

O grupo que se auto-intitula Estado Islâmico (EI) reivindicou, num vídeo divulgado neste domingo nos sites jihadistas, a decapitação de Peter Kassig, um norte-americano de 26 anos, veterano da guerra do Iraque, que tinha sido raptado em 2013. A confirmar-se, esta será a quinta vítima ocidental do EI desde Agosto.

Segundo o britânico The Guardian, o EI divulgou um vídeo de 16 minutos no qual mostra um homem de cara tapada, em pé, ao lado de uma cabeça decepada, dizendo que decapitou Peter Kassig. A veracidade das imagens ainda não foi confirmada. O conselho de segurança dos EUA estão a tentar confirmar se o vídeo é verdadeiro e os pais de Kassig preferem não se pronunciar para já. "Estamos ao corrente da informação que circula sobre o nosso amado filho, e esperamos a confirmação do Governo sobre a autenticidade de tais informações", declararam Ed e Paula Kassig em comunicado.

No vídeo, o homem mascarado, com sotaque britânico, diz: "Peter, que lutou contra os muçulmanos no Iraque, servindo como soldado sob o Exército americano, não tem muito a dizer. Os seus companheiros de cela anteriores já falaram em seu nome." Na mensagem, o grupo jihadista emite avisos dirigidos aos EUA e ao Reino Unido, e também aos muçulmanos xiitas.

As imagens mostram ainda militantes do EI a decapitarem vários homens identificados como pilotos e oficiais leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad. No total, segundo a AFP, terão sido mortos 18 soldados sírios. "Para Obama, o cão de Roma, hoje estamos a massacrar os soldados de Bashar e amanhã estaremos a abater os seus soldados", dizo homem de cara tapada.

Kassig, que após ter servido no Iraque fundou uma organização de assistência humanitária chamada Special Emergency Response and Assistance, começou em 2012 a trabalhar com refugiados palestinianos e sírios no Líbano, como técnico de emergência médica. Estava a caminho da localidade de Deir Ezzouir, na Síria, quando foi raptado pelos jihadistas, em Outubro de 2013.

No mês passado, os pais de Kessig difundiram uma mensagem a partir do Indiana, EUA, dando conta do seu orgulho, respeito e consideração pelo trabalho e dedicação do filho e informando que Peter se tinha convertido ao islão em cativeiro. Referindo-se ao filho pelo seu nome muçulmano Abdul-Rahman, o casal Kassig pedia aos raptores que o deixassem partir em liberdade. Nessa ocasião, o Conselho de Segurança Nacional norte-americano garantiu que “foram accionados todos os meios – militares, diplomáticos, de segurança e serviços secretos – para resgatar Peter Kassig”. Sem sucesso.

Quinto refém ocidental decapitado
O primeiro ministro britânico, David Cameron, já reagiu ao vídeo divulgado neste domingo. "Estou horrorizado com o homicídio a sangue frio de Abdul-Rahman Kassig. O ISIL [uma das siglas utilizada para designar o Estado Islâmico, que significa Estado Islâmico do Iraque e do Levante] mostrou mais uma vez a sua depravação. Os meus pensamentos estão com a família [de Kessig]", escreveu o governante na sua conta do Twitter.

Também o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, se pronunciou, classificando a acção como um "novo acto de barbárie". Em comunicado, o governante disse que "recebeu com consternação a decapitação do refém americano Peter Kassig e que muitos soldados sírios" e "condena este novo acto de barbárie". "Este acto reforça a determinação da França de agir contra o ISIL", acrescentou o primeiro-ministro.

Peter Kessig é o terceiro refém americano cuja decapitação é reivindicada pelo EI, desde Agosto, depois dos jornalistas James Foley e Steven Sotloff. Os jihadistas degolaram outros dois reféns ocidentais: Alan Henning, taxista do Norte de Inglaterra que trabalhava com uma organização muçulmana de ajuda humanitária na Síria, e o escocês David Haines, ex-militar que estava em missão humanitária naquele país.

Obama não quer aliança com Assad
O vídeo da decapitação de mais um norte-americano surge no mesmo dia em que o presidente dos EUA, Barack Obama, considerou que uma eventual aliança com o governo sírio iria enfraquecer a luta da coligação internacional contra o EI.

“Na nossa opinião, fazer uma causa comum [com o presidente sírio Bashar al-Assad] contra o ISIL iria enfraquecer a coligação, declarou Obama numa conferência de imprensa no final da cimeira do G20, que decorreu durante o fim-de-semana em Brisbane, Austrália.

Para o governante, “Assad perdeu a legitimidade aos olhos da maior parte do seu país". Os EUA lideram uma coligação internacional, composta por países árabes e europeus, para combater o Estado Islâmico, que controla já uma grande área de território no Norte do Iraque e no Leste da Síria.

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