O futuro em Canaã dos Carajás

Em 31 de Julho de 1967, o helicóptero que transportava o geólogo Breno Augusto dos Santos aterrou numa clareira da Floresta Nacional de Carajás para o piloto reabastecer o aparelho. Breno suspeitou de que a clareira não existia por acaso. Começou a partir pedras e constatou que ali se encontrava uma jazida de minério de ferro. A maior do mundo, haveria de comprovar mais tarde. A exploração começaria logo depois, ainda no tempo da ditadura militar.

O projecto “Grande Carajás”, criado nos anos 70 do século passado, haveria de mudar a face da região. Parauapebas nasceu com as minas e em 1988 era já suficientemente grande para organizar um plebiscito que determinou a sua autonomia em relação à vizinha cidade de Marabá. Hoje, há uma nova cidade que ameaça disputar o seu protagonismo. Chama-se Canaã dos Carajás e fica 70 km a sul.

Em Canaã, a Vale lançou o projecto "s11d" para a exploração de jazidas de minério com um teor de ferro ainda mais elevado do que as das minas de Parauapebas. A companhia vai gastar nesse projecto 15 mil milhões de euros nos próximos anos. O ferro que vai aí ser extraído seguirá o mesmo caminho do que sai das minas já em funcionamento. Viajará por comboio por algumas das zonas mais remotas do país até à capital do Maranhão, São Luís, onde todos os dias dezenas de navios o transportam para vários destinos do outro lado do mar, com a China à cabeça. Em breve, com o natural esgotamento das suas jazidas e a aposta na nova estrela emergente do potencial da Vale, Parauapebas pode perder brilho. Mas o Sudeste do Pará reforçará o seu estatuto entre as maiores províncias mineradoras do mundo.

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