Nobel da Paz para Barack Obama

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Thorbjoern Jagland, presidente do Comité do Nobel, com a fotografia de Obama na mão, esta manhã Scanpix Norway/Reuters

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu hoje o Prémio Nobel da Paz "pelos esforços diplomáticos internacionais e cooperação entre povos". Obama "acolheu com humildade a selecção do comité", disse o assessor de imprensa da Casa Branca, Robert Gibbs.

"O comité deu muita importância à visão e aos esforços de Obama com vista a um mundo sem armas nucleares", declarou o presidente do comité, Thorbjoern Jagland. "Só muito raramente uma pessoa conseguiu como Obama capturar a atenção do mundo e dar às pessoas esperança para um futuro melhor", afirmou ainda o comité, avaliando que “a diplomacia [de Obama] é fundada no conceito de que aqueles que lideram o mundo têm de o fazer tendo por base valores e atitudes que são partilhados pela maioria da população mundial”.

Quando o jornalista da agência Reuters comentou com David Axelrod, um dos principais conselheiros de Obama, que muitas pessoas no mundo estavam estupefactas com o anúncio, este respondeu "Como nós".

Obama fez do desarmamento nuclear topo das prioridades da sua política externa – nomeadamente relançando negociações com a Rússia e fazendo mexer o tabuleiro internacional no sentido de pressionar as duas consensuais “potenciais ameaças” nucleares (Irão e Coreia do Norte) – além de vir a envidar esforços de monta para reactivar o processo de paz no Médio Oriente. No mês passado liderou a histórica reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em que foi aprovada de forma unânime uma resolução instando os países dotados de armamento nuclear a reduzirem esse poder bélico. 

Mas, apesar dos ambiciosos objectivos internacionais, o Presidente norte-americano ainda não conseguiu romper o impasse nas negociações entre israelitas e palestinianos, tão pouco obteve quaisquer resultados no que toca ao polémico programa nuclear iraniano. A par disto tem pela frente muito difíceis escolhas a fazer nos terrenos de guerra em que os Estados Unidos estão envolvidos, à cabeça sobre a forma como conduzir a guerra no Afeganistão.

Dotado de um poder oratório e magnetismo pessoal incomuns, Barack Obama, 48 anos, tem vindo a ganhar ao longo dos quase nove meses em funções como Presidente uma vaga de simpatia e apoio por todo o mundo – apesar de os críticos apontarem dúvidas se existe verdadeira substância nas suas inspiradoras declarações de boas intenções.

Advogado de formação (estudou em Harvard e trabalhou muitos anos na defesa dos direitos cívicos), Obama fez história ao tornar-se no primeiro chefe de Estado negro dos Estados Unidos ao derrotar, a 4 de Novembro de 2008, o candidato republicano John McCain; mas já vinha electrizando o país desde quatro anos antes, quando discursou na convenção dos democratas sobre a confiança em si próprio e o sentimento de inspiração que o norteia. Tornou-se desde logo uma das mais visíveis figuras políticas em Washington, amplamente elogiado pelos media, e publicou dois livros que foram êxitos brutais de vendas, incluindo “The Audacity of Hope”.

Senador desde 2004, eleito pelo Illinois (onde antes cumprira dois mandatos, a partir de 1996, como senador estadual), é filho de um queniano, um pastor de cabras que ganhou uma bolsa de estudo numa universidade do Hawai, e de uma branca norte-americana do Kansas. Nasceu no Hawai mas viveu também em Jacarta, entre os seis e os dez anos de idade, após a mãe se casar com um indonésio e, depois disso, regressou à terra natal onde cresceu junto com os avós maternos. A narrativa pessoal da história de vida de Obama é muito feita desta experiência de crescimento em ambientes culturais diversos e dos exemplos familiares que reflectem os ideais norte-americanos.

Houve um recorde de 205 nomeações este ano. Entre os nomeados estava o primeiro-ministro do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, e um dissidente chinês. O prémio será entregue em Oslo a 10 de Dezembro, data da morte do seu fundador, o industrial e filantropo sueco Alfred Nobel.

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