Nicolás Maduro aumenta em 30% o salário mínimo da Venezuela, quando falta de tudo na despensa

Presidente anuncia medidas económicas em resposta à pressão da inflação, que está nos 56%.

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Luis Mendoza, 58 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Jose Rodriguez, 43 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Luis Rojas, 53 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Fernando Escalona, 51 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Carlos Son, 60 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Felix Saralla, 52 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Felix Ramirez, 67 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Monica Flores, 43 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Alexis Bello, 43 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Felipe Cabral, 65 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Felipe Correa, 62 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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German Martinez, 50 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Vladimir Garcia, 56 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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William Hernandez, 52 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Ivan Flores, 58 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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William Osorio, 40 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Marisol Gil REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Andres Prato, 66 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Alfonzo Ramirez, 61 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins
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Ali Villalta, 58 anos REUTERS / Carlos Garcia Rawlins

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou um novo aumento do salário mínimo nacional, em 30%, e outras medidas destinadas a promover a produção nacional e a travar o aumento da inflação e do défice orçamental, quando as famílias enfrentam crescentes dificuldades para encher a despensa.

No início do ano, o Governo de Caracas já tinha ajustado o salário mínimo em 10%, pressionado pelo anúncio do Banco Central da taxa de inflação do país no fim de 2013: 56,2%, uma das mais altas do mundo.

O decreto que consagra a alteração do valor do salário mínimo foi publicado na Gazeta Oficial esta quarta-feira, para entrar em vigor logo no 1.º de Maio, dia para o qual foi marcado uma nova marcha de estudantes e sindicatos contra as políticas do Governo. A medida eleva a chamada remuneração básica na Venezuela para 4251,40 bolívares por mês, que dependendo da taxa de câmbio utilizada – oficial ou do mercado negro – podem variar entre os 85 e os 674 dólares (ou 487 euros).

Em 2013, Maduro tinha-se comprometido a rever o valor do salário mínimo sempre que necessário, “dependendo da evolução da inflação” – no total do ano, a remuneração 45,2% – mas desta vez o Presidente não fez qualquer referência a futuras alterações, como assinalava o jornal El Universal. A imprensa venezuelana notava ainda que a revisão governamental ficou aquém das exigências das organizações sindicais, que pediam um aumento entre 60% e 70% para que os trabalhadores pudessem aguentar a subida dos preços.

A carestia de vida, associada à carência de produtos básicos, desde alimentos a medicamentos e papel higiénico, tem-se traduzido numa diminuição do consumo das famílias.Até para arranjar alimentos para as cantinas que alimentam os sem abrigo e os muitos que não têm outra forma de se alimentar se tornou difícil. Arroz, lentilhas e outras bases da alimentação tornaram-se raras.

As filas à porta dos supermercados começam a formar-se às 4h da madrugada: essa já é uma rotina diária. Como explicava à Reuters Fernanda Bolivar, em Caracas: "Esperamos durante horas todos os dias, porque nunca conseguimos trazer tudo o que é preciso. Um dia falta uma coisa, no outro falta outra”.

Segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco Central da Venezuela, a taxa de escassez de papel higiénico no mês de Março foi de 87% (o que quer dizer que em cada 100 lojas, 87 não dispunham do produto). A escassez de produtos de limpeza foi de 44,6% e os artigos de higiene pessoal registaram uma falha de 29,5%.

O Governo, que responsabiliza os importadores e comerciantes “gananciosos” e “especuladores” pela crise de abastecimento, montou um novo sistema de identificação dos consumidores, que regista todas as compras efectuadas nos supermercados estatais que praticam preços controlados. A medida foi apresentada como uma forma de impedir o açambarcamento de bens e garantir a distribuição de alimentos à população mais necessitada – para a oposição, trata-se de um método encapotado de racionamento.

Entretanto, as Empresas Polar, o maior conglomerado industrial do sector alimentar venezuelano, suspenderam esta semana a laboração da sua unidade fabril de Maracaibo, que produz as marcas de massas Primor e Gran Senora. A empresa explicou que a operação parou por exaustão do stock de trigo, que não pôde ser reposto por causa das restrições cambiais impostas pelo Estado: sem dólares para aceder aos mercados internacionais que fornecem a matéria-prima, a empresa “viu-se obrigada a suspender actividade temporariamente”.

A falta de matéria-prima aflige também ao sector da habitação, com o Governo a dizer esta semana que vai passar a recolher as bicicletas e automóveis abandonados na rua, que serão esmagados e reciclados para o uso na indústria da construção. “Já enviámos 10.485 carros, 9651 motorizadas e 539 bicicletas para a indústria nacional de aço”, anunciou a vice-ministra da Justiça, Maria Martinez, explicando que o aço será retirado para produzir cabos a utilizar na construção ou reabilitação de dezenas de milhares de casas em todo o país.

Em Março, a produção de cabos de aço foi de 9.796 toneladas, o valor mais baixo dos últimos 18 anos. No mês homólogo de 2013, a produção foi de 46.051 toneladas, segundo a Reuters.

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