Nepal elege a sua primeira mulher Presidente

Numa sociedade patriarcal, o forte da sua campanha política foi a defesa de igualdade de género na nova Constituição do país.

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Bidhya Bhandari é a segunda chefe de Estado do Nepal Navesh Chitrakar/Reuters

O Parlamento nepalês elegeu uma mulher para a presidência do país. Bidhya Bhandari, uma comunista, tornou-se na primeira mulher a ocupar o cargo, cuja importância é sobretudo simbólica.

A eleição teve lugar um mês após a adoção de uma nova Constituição no país. Bhandari, vice-presidente da União Marxista-Leninista do Nepal, substitui o anterior e primeiro Presidente do país, Ram Baran Yadav, eleito em 2008. Khadga Oli, o recentemente eleito primeiro-ministro, é o presidente do partido, considerado moderado.

Numa sociedade patriarcal, o forte da sua campanha política foi a defesa de igualdade de género na nova Constituição. Lutou pelas quotas de um terço para as mulheres no Parlamento e para  garantir que, entre Presidente e vice-presidente (a eleger esta sexta-feira), um seria mulher.

A nova Presidente entrou na vida política depois de o marido, Madan Bhandari, então líder do partido, ter morrido em 1993, num acidente de viação ainda por explicar. Em 1994, venceu as eleições para o lugar no Parlamento por Katmandu, e foi ministra da Defesa entre 2009 e 2011. A luta pela igualdade de género fez parte do seu percurso político, tendo assumido por quase vinte anos a presidência da Associação por Todas as Mulheres do Nepal – apoiada pelo partido da União Marxista-Leninista.

Ainda que Bidhya Bandhari na presidência seja um relevante passo para as nepalesas, muitos grupos feministas contestam a real protecção dos direitos das mulheres previstos pela nova Constituição. As novas leis prevêem, por exemplo, a impossibilidade de mães passarem cidadania para os seus filhos, a menos que o pai seja nepalês. Segundo um relatório de 2011 do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), existem 800 mil pessoas no Nepal sem direito a cidadania.

A nova Constituição trouxe ainda uma divisão do território em sete províncias federais, o que tem gerado protestos por todo o país. A maior polémica está no estabelecimento de fronteiras e as tensões aumentam entre os que defendem uma divisão étnica e os que temem que as minorias sejam, com isto, prejudicadas. Desde a aprovação constitucional, a 20 de Setembro, cerca de 40 pessoas já morreram nestes confrontos.

 

 

 

 

 

 

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