NATO diz que cessar-fogo na Ucrânia "é apenas um nome"

Comandante supremo da Aliança Atlântica diz que houve uma "redução significativa" do número de tropas russas no Leste da Ucrânia, mas que continuam estacionadas na fronteira.

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O general Philip Breedlove diz que a situação no terreno é "completamente diferente" PETRAS MALUKAS/AFP

Apesar dos acordos assinados nas últimas semanas, os combates no Leste da Ucrânia regressaram aos níveis de intensidade anteriores à assinatura do cessar-fogo entre Kiev e os separatistas pró-russos, afirmou o líder militar da NATO, o general norte-americano Philip Breedlove.

"A situação na Ucrânia não é boa. Basicamente o cessar-fogo é apenas um nome", disse o comandante supremo da Aliança Atlântica, no final de uma reunião em Vilnius, na Lituânia.

"O número de incidentes, a quantidade de disparos e a artilharia usada nos últimos dias igualam os níveis anteriores ao cessar-fogo. O cessar-fogo existe no papel, mas o que está a acontecer no terreno é algo completamente diferente", afirmou Philip Breedlove.

O acordo assinado no passado dia 5 entre representantes das autoridades de Kiev e das autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e de Lugansk, com a mediação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, instituiu um cessar-fogo imediato, que foi revelando a sua fragilidade com o passar dos dias.

Apesar da existência de combates esporádicos (alguns deles com extrema gravidade), o acordo de 5 de Setembro atenuou as consequências para as populações das cidades de Lugansk, Donetsk e Mariupol – as mais afectadas pela guerra entre as duas partes, que começou em Abril. Ainda assim, os dados recolhidos pela agência AFP indicam que foram mortas pelo menos 35 pessoas nas duas últimas semanas, entre civis e militares.

Na madrugada de sábado foi dado mais um passo no sentido de uma solução pacífica para o conflito, com a assinatura de um memorando entre Kiev e os separatistas que prevê o recuo das linhas da frente de ambas as partes do conflito. O objectivo é afastar os combatentes e criar áreas de segurança com uma extensão de 30 quilómetros.

Num comentário ao memorando assinado no sábado, o general Philip Breedlove manifestou-se esperançado de que possa servir para acalmar a situação no terreno, mas repetiu a ideia de que o cessar-fogo em vigor desde o início de Setembro é apenas "um nome".

Questionado sobre a presença de tropas russas no Leste da Ucrânia – uma acusação que Moscovo nega –, o líder militar da NATO disse que houve uma "redução significativa" na última semana, mas frisou que as forças da Rússia continuam estacionadas na fronteira.

"Os números desceram de forma significativa, e algumas dessas forças regressaram ao lado russo da fronteira. O que é bom, exceptuando o facto de não terem regressado a casa e continuarem disponíveis para atacar a Ucrânia se for esse o seu desejo", disse o general norte-americano.

O acordo assinado na madrugada de sábado deveria já estar a ser implementado, mas o porta-voz das Forças Armadas ucranianas, Andri Lisenko, disse que ainda não há condições para que isso aconteça. "Até agora, o primeiro ponto [cessar-fogo] não foi implementado. Se houver uma retirada das forças, deverá ser sincronizada com as forças russas", disse Lisenko.

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