NATO admite enviar forças para a Turquia

Aliança Atlântica assiste a “escalada inquietante” da presença militar russa na Síria. Rússia faz novo bombardeamento a partir do mar Cáspio e nova ofensiva coordenada com o exército de Assad no Oeste.

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Pilotos russos preparam caça Sukhoi Su-30 na base aérea de Latakia, na Síria Alexander Kots/AFP

A Aliança Atlântica está disposta a enviar forças para a Turquia, se tal for necessário, para responder às incursões de caças russos no espaço aéreo de Ancara e à “escalada inquietante” da presença militar de Moscovo na Síria. Disse-o o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, na manhã desta quinta-feira, à entrada para uma reunião de ministros da Defesa da Aliança, em Bruxelas, com a Rússia no topo da agenda.

“Na Síria, observamos uma escalada inquietante das actividades militares russas”, disse Stoltenberg, referindo-se, para além dos movimentos aéreos de Moscovo, à nova ofensiva de mísseis de cruzeiro disparados nesta semana por navios russos no mar Cáspio. “Vamos analisar os últimos desenvolvimentos e as suas implicações para a Aliança”, afirmou.

A introdução de mísseis de cruzeiro pelos russos na guerra é vista como uma escalada devido às suas características. Voam horizontalmente, a uma altitude relativamente baixa, como um drone, por exemplo, e podem ser dirigidos para um alvo com grande precisão, tornando-se difíceis de detectar e interceptar pelo inimigo. São por isso um “motivo de preocupação”, sublinhou Stoltenberg, que reafirmou o apoio da Aliança à Turquia perante as entradas no espaço aéreo de aviões russos que fazem missões na Síria. Aeronaves turcas também já foram assediados por sistemas antiaéreos que Moscovo instalou na Síria.

“A NATO já respondeu aumentando os nossos recursos, a nossa capacidade e a nossa agilidade para enviar forças também para o Sul, incluindo na Turquia”, disse o norueguês, citado pela Reuters.

A Rússia voltou a disparar mísseis de cruzeiro na noite de quarta-feira. Em Moscovo, o Ministério da Defesa disse que estes atingiram centros de preparação de explosivos, centros de comando, armazéns de munições e campos de treino do autoproclamado Estado Islâmico. Foram seguidos nesta quinta-feira por mais uma ofensiva coordenada entre o exército sírio e caças russos, segundo escreve o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

O exército de Assad atacou a planície de al-Ghab, na zona ocidental do país, perto do bastião do líder sírio. Esta zona foi tomada a Assad no início do ano e tem alta importância estratégica para que o Governo mantenha o controlo da região oeste.

O secretário-geral da NATO repetiu também apelos a Moscovo para que deixe de apoiar Assad e adopte um “papel construtivo e de cooperação” na luta contra o Estado Islâmico. O Presidente russo, Vladimir Putin, porém, afirmou na quarta-feira que as próximas operações militares na Síria serão coordenadas com o exército sírio. Putin e o Kremlin abriram também a porta a uma aliança no terreno com o Exército Livre da Síria, que recebe apoio do Ocidente.

Mas o secretário da Defesa norte-americano, Ash Carter, rejeitou essa possibilidade. “Acreditamos que a Rússia tem a estratégia errada”, afirmou o responsável dos Estados Unidos, que estará também nesta quinta-feira em Bruxelas. O próprio Presidente russo apontou algumas dificuldades à cooperação, ao dizer que não tinha conhecimento das posições do grupo rebelde no terreno.

Espera-se que a reunião da NATO em Bruxelas discuta um outro ponto de confronto com a Rússia, desta vez no Leste da Europa, onde os países do Báltico se dizem preocupados com uma possível ofensiva de Moscovo semelhante à que foi feita nas regiões independentistas da Ucrânia. Segundo a BBC, o Reino Unido deve afirmar nesta quinta-feira que está pronto para enviar um contingente de longo prazo para esta região.

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