Napolitano toma posse com críticas às irresponsabilidades dos partidos

Foto
A tomada de posse aconteceu na Câmara dos Deputados Alberto Pizzoli/AFP

O primeiro Presidente italiano a cumprir um segundo mandato tomou posse esta tarde com uma intervenção crítica para os líderes partidários, depois de um juramento muito aplaudido.

“Esta reeleição é uma dura prova para as minhas forças”, disse Giorgio Napolitano, de 87 anos, que passou meses a recusar todas as sugestões para que permanecesse na chefia de Estado.

Napolitano foi reeleito no sábado, horas depois de se ter deixado convencer pelos líderes dos maiores partidos, Pier Luigi Bersani, do Partido Democrático, e Silvio Berlusconi, do Povo da Liberdade, que tinham fracassado na eleição das suas primeiras escolhas.

É o Parlamento (deputados e senadores, para além de representantes das regiões) que escolhe o Presidente e é na Câmara dos Representantes que ele toma posse. Foi ao lado da presidente da câmara, Laura Boldrini, que Napolitano jurou “ser fiel à República e respeitar a Constituição”, enquanto todas as bancadas aplaudiam menos a do Movimento 5 Estrelas – os 162 (deputados e senadores) levantaram-se sem aplaudir, numa atitude que pretendeu mostrar respeito por Napolitano e crítica pela sua reeleição.

O 5 Estrelas, de Beppe Grillo, denunciou “um golpe” e o “fim da República” quando PD e PdL decidiram pedir ao chefe de Estado para continuar no cargo. Bersani negociara com Berlusconi a escolha de Franco Marini, ex-líder sindical, contra uma grande parte do seu campo político. Muito eleitos do centro-esquerda recusaram votar em Marini, com dezenas a escolherem votar ao lado do 5 Estrelas, que apresentou a votos o jurista Stefano Rodotà.

Falhada a primeira jogada, a liderança do PD escolheu em seguida o ex-primeiro-ministro Romano Prodi, que ainda teve menos votos do que Marini. Depois da rejeição de Prodi, Bersani demitiu-se da liderança do seu partido.

“Não previa a reeleição, é um facto legítimo mas excepcional. Era preciso oferecer ao mundo um imaginário de confiança e coesão nacional. Por isso não pude fugir à responsabilidade”, disse Napolitano depois do juramento, e antes de se lançar na parte mais crítica da sua intervenção.

“Há demasiadas omissões, erros e irresponsabilidades entre as forças políticas”, afirmou. Desde as legislativas do fim de Fevereiro que os partidos tentam sem resultados formar governo e entenderem-se sobre as reformas consideradas mais urgentes: É “imperdoável que continue a faltar a reforma da lei eleitoral”, sublinhou na Napolitano.

Um regresso às urnas sem uma nova lei eleitoral é impensável para a esmagadora maioria dos analistas e dos políticos. A actual lei e o seu particular sistema de prémios de maiorias abriu caminho à situação actual, em que nenhum partido tem a maioria no Senado.
 
 
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar