ONU denuncia abusos em centro de detenção juvenil na Austrália

Comissão de Direitos Humanos diz que autores de maus tratos devem ser responsabilizados e vítimas compensadas. Manifestações em várias cidades do país contra resposta do Governo ao escândalo

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AFP PHOTO / Australian Broadcasting Corp’s Four Corner

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu ao governo australiano que indemnize os menores que foram vítimas de gaseamento e outras práticas humilhantes num centro de detenção juvenil no Território do Norte. Neste sábado, centenas de australianos manifestaram-se também contra os maus tratos divulgados esta semana.

Em comunicado, o alto comissariado diz-se “chocado” com as imagens divulgadas pela televisão ABC do Centro de Detenção Juvenil Don Dale, que mostram um menor de 17 anos amarrado a uma cadeira, encapuzado, tendo supostamente ficado assim durante cerca de duas horas. Há também imagens de jovens a serem despidos à força, empurrados e atingidos por gás lacrimogéneo. “Pedimos às autoridades que identifiquem os autores dos abusos contra os menores e os responsabilizem… Uma compensação também deveria ser garantida”, defendeu o Alto Comissariado.

O caso voltou a chamar a atenção para o tratamento da minoria aborígene na Austrália e, neste sábado, centenas de pessoas manifestaram-se em várias cidades do país, como Melbourne, Sydney e Brisbane, criticando a resposta do Governo ao caso. O primeiro-ministro Malcolm Turnbull ordenou um inquérito ao centro de detenção, mas rejeitou pedidos entretanto feitos para que se avançasse com uma investigação a nível nacional.

Numa das manifestações, o rapper Adam Briggs, de origem aborígene, disse que o problema vai muito além daquele centro: “O elefante na sala é que estamos a falar de um problema de racismo, mas o caso não está a ser tratado como tal”, disse, citado pela Reuters.

Os aborígenes não representam mais de 3% dos habitantes da Austrália, mas são um quarto dos detidos nas prisões do país a proporção. No Território do Norte, uma das zonas de maior concentração da população indígena, 94% dos jovens que estão detidos são aborígenes.

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