Três portugueses raptados em Maputo na última semana

Vaga de raptos intensifica-se em Moçambique.

Duas mulheres foram raptadas na manhã desta terça-feira em Maputo, uma de nacionalidade portuguesa e outra moçambicana, naquele que está a ser o dia mais dramático desta vaga de crimes.

Depois da informação já confirmada pelo cônsul geral de Portugal em Maputo, Gonçalo Teles Gomes, do rapto de uma cidadã portuguesa esta manhã, na cidade satélite da Matola, a agência Lusa recebeu indicações de um outro caso que visou uma mulher moçambicana de 33 anos, ocorrido por volta das 8h no bairro Laulane, nos arredores da capital moçambicana.

Entretanto, o cônsul de Portugal em Maputo, Gonçalo Teles Gomes, revelou nesta terça-feira à agência Lusa que há dois portugueses raptados em Moçambique há mais de uma semana.

O diplomata adiantou que um dos casos diz respeito a um adolescente que também tem nacionalidade moçambicana e o outro é relativo a um adulto do sexo masculino que é cidadão português.

A existência destes casos era desconhecida da opinião pública até hoje devido aos pedidos das respectivas famílias.

Em declarações à Lusa, Samuel Maibasse, responsável de segurança da organização não-governamental (ONG) Save the Children, disse que a mulher de um dos funcionários desta ONG foi esta manhã raptada na sua residência, perante os seus filhos, irmã e cunhado, alegadamente por cinco homens.

"A primeira pessoa trazia uma pasta - o cunhado do meu colega (que presenciou o crime) disse que pensavam que eram da Electricidade de Moçambique - de onde tirou uma pistola, mandou as crianças deitarem-se, começou a recolher telefones e exigiu dinheiro, levaram computadores e mais coisas, e, no final, levaram com eles a esposa", disse Maibasse.

"Disseram para não informar a polícia e foram-se embora. Ele [o colega de trabalho] informou logo a polícia. Ainda não temos clareza se é rapto ou se queriam roubar e a levaram para protecção deles", acrescentou o responsável.

Já o rapto da cidadã portuguesa ocorreu no interior da empresa onde exerce funções de gestora financeira.

Este é o segundo rapto conhecido envolvendo cidadãos portugueses, de uma onda de sequestros que começou em 2011 e que tem visado sectores abastados da sociedade moçambicana.

Os familiares da vítima já foram informados do sucedido, mas a identidade da vítima e da empresa não foram divulgados.

As autoridades portuguesas estão a acompanhar o caso, que já foi reportado à polícia moçambicana, disse à Lusa o cônsul geral de Portugal em Maputo, Gonçalo Teles Gomes.

O secretário de Estado das comunidades, José Cesário, afimou também à Lusa que “tem mantido contactos permanentes com o Governo moçambicano” através da embaixada em Maputo e do cônsul geral, “no sentido de haver toda a atenção” em relação a estes casos.

“Continuamos a transmitir ao Governo moçambicano toda a preocupação relativamente ao bem-estar e à segurança de cidadãos portugueses que estão em Moçambique”, disse o secretário de Estado das Comunidades.

Admitindo que notícias como esta criem “algumas preocupações” entre a comunidade, José Cesário reiterou os apelos para que os emigrantes “tenham cautela e cuidado”.

Os raptos de cidadãos ocorrem em Moçambique desde 2009, mas o fenómeno acentuou-se nos últimos meses, nos principais centros urbanos, o que levou já o Governo português a recomendar cautelas em Maputo. A situação político-militar instável fez também que o executivo português desaconselhasse deslocações nas províncias de Sofala e Nampula.

O aumento da criminalidade e a situação política foram igualmente o mote de uma grande manifestação na semana passada.
 

Notícia actualizada às 19h44. Acrescentada informação sobre mais dois portugueses raptados na última semana.

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