ONU reconhece Mugabe como “líder para o turismo”

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MUgabe está no poder há vários anos e é criticado dentro e fora do seu país Foto: Stephane de Sakutin/AFP

As Nações Unidas decidiram escolher o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, como um dos seus líderes para o turismo. Uma escolha que está a levantar uma onda de indignação junto de activistas dos direitos humanos.

Mugabe, 88 anos, é acusado de corrupção e violação dos direitos humanos. Foi porém uma das escolhas da World Tourism Organization da ONU (UNWTO), que resolveu atribuir a ele e a outras personalidades – como o seu aliado político e Presidente zambiano Michael Sata, 75 anos –, o estatuto de enviados internacionais para iniciativas turísticas.

A UNWTO defende-se dizendo que não ofereceu a Mugabe nenhum título oficial. “O correcto é dizer que a UNWTO apresentou a ambos os presidentes uma carta aberta em que lhes pede para apoiarem o turismo como forma de crescimento sustentável nos seus países com o objectivo de beneficiarem os seus povos”, indicou a coordenadora de comunicação da UNWTO, Sandra Carvão, que é portuguesa.

O secretário-geral da UNWTO, Taleb Rifai, deslocou-se ao Zimbabwe e à Zâmbia, onde visitou as Cataratas Vitória (na fronteira dos dois países), onde ficou decidido que os dois líderes africanos irão co-organizar a assembleia geral da UNWTO, agendada para Agosto de 2013.

A notícia foi recebida com indignação por activistas dos direitos humanos. Mugabe – encarado como um pária por algumas comunidades internacionais – é acusado de estar a levar o país à bancarrota e de ser responsável por abusos generalizados aos direitos humanos.

Kumbi Muchemwa, porta-voz do partido da oposição Movimento para a Mudança Democrática, disse ao jornal britânico Guardian que não vê “qualquer justificação” para Mugabe ser um “embaixador” da ONU. “Um embaixador de quê? O homem tem sangue nas mãos. Eles querem que os turistas vejam aquelas mãos ensanguentadas?”, questionou o mesmo responsável político.

O activista dos direitos humanos Dewa Mavhinga, da Coligação para a Crise no Zimbabwe, também criticou a nomeação, dizendo ao jornal britânico: “Isto transmite uma mensagem errada a Mugabe, que pensa que agora é aceite pela comunidade internacional. Este é o mesmo tipo que, na semana passada, estava a criticar os gays e as lésbicas, dizendo que são piores que cães”.

Os críticos desta decisão também afirmam que o convite a Mugabe desacredita a própria UNWTO. “Isto prejudica a reputação da UNWTO, que parece não ter ligação à terra em questões de violações dos direitos humanos e instabilidade política”, indicou ao mesmo jornal o professor de política John Makumbe, da Universidade do Zimbabwe.

Notícia alterada às 10h12:

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