Morreu o mais velho sobrevivente dos campos de concentração nazis

Não era judeu mas Testemunha de Jeová. Leopold Engleitner sobreviveu aos campos de Buchenwald, Nierderhagen e Ravensbrück. Morreu aos 107 anos.

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Leopold Engleitner (à direita) com o seu biógrafo durante uma das promoções da sua biografia DR

Leopold Engleitner, considerado o homem mais velho que sobreviveu aos campos de concentração nazis, morreu aos 107 anos, na Áustria, confirmou esta quinta-feira o seu biógrafo. A morte, que ocorreu no passado dia 21 Abril, só agora foi anunciada, respeitando uma vontade que tinha sido expressa pelo sobrevivente dos campos de Buchenwald, Niederhagen e Ravensbrück.

Nascido a 23 de Julho de 1905 perto da cidade austríaca de Salzburgo, Leopold Engleitner era Testemunha de Jeová e, apesar da ameaça da ditadura nazi, recusou-se sempre a renunciar à sua fé. Se o tivesse feito, não teria sido perseguido pelo regime de Adolph Hitler. Afirmou-se objector de consciência quando foi chamado pela primeira vez a integrar as Wehrmacht, as forças armadas alemãs do Terceiro Reich.

Acabou por ficar detido nos campos de Buchenwald, Niederhagen e Ravensbrück, entre 1939 e 1943, tendo sido libertado naquele último ano. Com cerca de 28 quilos de peso no dia em que abandonou Ravensbrück, ficou a trabalhar numa quinta perto da sua cidade natal, Bad Ischl. Para fugir a uma nova chamada das Wehrmacht, procurou refúgio numa zona montanhosa, onde esteve escondido até à chegada das tropas norte-americanas à Áustria.

No anos que se seguiram, teve vários trabalhos, incluindo o de guarda-nocturno numa fábrica de sabonetes.  

A sua história foi contada em Ungebrochener Wille, em1999, o título de uma biografia e documentário do autor e produtor austríaco Bernhard Rammerstorfer. Desde essa altura, Leopold Engleitner reforçou a sua missão de denúncia do regime nazi com palestras na Áustria e no estrangeiro e promoveu a sua biografia na Europa, Rússia e Estados Unidos. Em 2012, Rammerstorfer voltou a pegar no passado de Leopold Engleitner e realizou um novo documentário. O austríaco ainda foi à estreia do filme nos Estados Unidos.

“É muito difícil pronunciar-me sobre a dolorosa notícia da morte do meu melhor amigo”, escreveu Rammerstorfer no seu site.
 

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