Morreu o cão-símbolo dos protestos antiausteridade na Grécia

Loukanikos chegou a ser concorrente para a personalidade do ano da revista Time. Já se tinha reformado dos protestos – como muitos gregos.

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Loukanikos, um símbolo dos protestos na Grécia AFP

Era o símbolo dos protestos antiausteridade na Grécia – um cão. Imagens de Loukanikos, um cão de rua cor de mel, ladrando a uma fila de polícia de choque, perto de uma granada de gás lacrimogéneo, ou ao lado de manifestantes que atiravam cocktails Molotov, foram emblemáticas dos protestos que se repetiam em Atenas, com violência, semana após semana, no auge dos protestos contra as medidas de austeridade, especialmente entre 2010 e 2012.

A sua morte foi notícia nos media gregos e internacionais. Loukanikos (“salsicha”) era uma sensação nos media desde que apareceu pela primeira vez numa fotografia de uma manifestação em 2008, e conseguiu sobreviver a motins após motins.

“Magoou-se uma vez na pata e outra cabeça, provavelmente por ter sido apanhado numa troca de pedras arremessadas ou peças de mármore, como é normal em escaramuças entre polícia e manifestantes”, contou ao diário britânico The Telegraph Achilleas Adam, um reformado que tomava conta de Loukanikos. “Uma vez mordeu um escudo de um polícia anti-motim! Ele não atacava outras pessoas, só polícias”, lembrou. Por vezes, Loukanikos também levava granadas de gás lacrimogéneo por explodir na boca.

O cão acabou por sofrer com os efeitos do gás lacrimogéneo, diz Adam, que o reformou dos protestos há dois anos. Porque estava preocupado com as novas armas usadas pela polícia, disse, e porque entretanto já não há tantas grandes manifestações como antes.

Depois de anos de protestos que raras vezes não se tornavam violentos, muitos gregos fartaram-se de manifestações enquanto os cortes do Governo e as medidas de austeridade se repetiam.

A única manifestação que entretanto se mantém, há cerca de um ano, é a das empregadas de limpeza do Ministério das Finanças. Manifestam-se todos os dias há um ano, e as suas luvas cor de rosa tornaram-se um símbolo (estiveram na abertura do Parlamento Europeu a convite do partido de esquerda Syriza).

Um tribunal já ordenou que as 595 funcionárias despedidas, todas com mais de 45 anos, fossem recolocadas, dizendo que a decisão era ilegal (a primeira decisão do género no país), mas o ministério recusa-se a contratá-las de volta e recorreu para o Supremo. Este ficou de decidir sobre o caso em Setembro, mas adiou a decisão para Fevereiro.

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