Moçambique precisa de mais de 270 milhões para reconstrução pós-cheias

Inundações mataram 163 pessoas e afectaram mais de 200 mil.

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Desde o início do ano, Moçambique teve dois períodos de cheias AFP/arquivo

Moçambique precisa de mais de 270 milhões de euros para a reconstrução das infra-estruturas destruídas pelas cheias, anunciou o ministro da Economia e Finanças, após um encontro com directores do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Maputo.

"Precisamos de 300 milhões de dólares (mais de 270 milhões de euros). Estamos a receber financiamento em todas áreas e o BAD também se predispôs a ajudar-nos", disse Adriano Maleiana, falando aos jornalistas, à margem de uma reunião dos directores executivos do BAD com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

As últimas actualizações das autoridades indicam que as inundações, que afectaram principalmente o norte e centro de Moçambique desde Janeiro, mataram 163 pessoas e afectaram mais de 200 mil em todo país, além de provocarem a destruição de várias infra-estruturas, nomeadamente pontes, casas, postos de alta tensão, escolas e estradas.

Segundo o titular da pasta da Economia e Finanças, os sectores que serão financiados pelo BAD enquadram-se no Plano Quinquenal do Governo 2015-2019, que foi apresentado na segunda-feira ao parlamento moçambicano, mas deverá sofrer alterações antes da sua aprovação, para acomodar sugestões da sociedade civil e da reunião, no passado domingo, do Comité Central da Frelimo, partido no poder.

"Os sectores que eles estão a financiar encaixam-se perfeitamente no nosso Plano Quinquenal do Governo e isso é positivo", declarou Adriano Maleiane.

Por sua vez, o chefe da delegação do BAD, Samy Zaghloul, disse que a organização financeira está disposta a cooperar com o Estado moçambicano, apoiando o Governo na reabilitação das infra-estruturas destruídas pelas cheias, tendo mais de 600 milhões de dólares (545 milhões de euros) disponíveis para a sua carteira de vários projectos no país.

"Com o apoio, nós abrimos uma janela para cooperar na reabilitação das infra-estruturas que foram destruídas pelas calamidades naturais. Com este gesto, esperamos aliviar o sofrimento das pessoas que foram afectadas pelos desastres no país", afirmou Samy Zaghloul.

Desde o início do ano, Moçambique viveu dois períodos de cheias nas províncias do centro e norte do país.

Em Janeiro, as inundações provocaram mais de 150 mortos, a maioria na Zambézia, alagando campos agrícolas e destruindo a rede eléctrica, tendo deixado mais 300 mil pessoas às escuras durante um mês, e interrompendo a única estrada que liga o centro e norte do país.

O último período de cheias, entre finais de Fevereiro e início de Março, causou pelo menos dois mortos e afectou 41 mil famílias, coincidindo com um surto de cólera que provocou a morte a mais de 70 pessoas nas províncias de Tete, Nampula e Niassa.

Entre Outubro e Abril, Moçambique é ciclicamente atingido por cheias, devido à localização a jusante da maioria das bacias hidrográficas da África Austral. As enxurradas, que têm provocado mortes e perdas materiais, também dão lugar a surtos de cólera, devido ao saneamento deficiente.

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