Ministros do partido do Presidente abandonam governo da Tunísia

Representantes do Congresso para a República dizem que as suas reivindicações não eram atendidas mas que saída não tem a ver com a decisão de formação de um governo de gestão de tecnocratas anunciada pelo primeiro-ministro.

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O Presidente da Tunísia foi recebido esta semana no Eliseu FREDERICK FLORIN/AFP

Os três ministros que integram o partido secular do Presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, abandonaram o Governo de coligação liderado pelos islamistas do Ennahda, alegando que as suas reivindicações para mudanças dentro do executivo não estavam a ser atendidas.

A decisão dos representantes do Congresso para a República não está directamente relacionada com o processo de remodelação governamental anunciada na quarta-feira, explicou o porta-voz do partido, Ben Amor. “Esta posição não tem nada a ver com os planos do primeiro-ministro para formar um governo de tecnocratas”, declarou à Reuters Ben Amor. “Já tínhamos avisado durante toda a semana que se os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Justiça não fossem mudados, deixaríamos o Governo”, acrescentou.

A saída dos três membros do partido do Presidente deixa o primeiro-ministro, Hamadi Jebali, numa posição ainda mais delicada: não é só a remodelação do Governo, anunciada logo após o assassínio do activista e opositor de esquerda, Chokri Belaid, em resposta aos protestos da opinião pública, que fica seriamente comprometida; é também a sua permanência à frente do executivo que fica agora em causa.

O anúncio da dissolução do Governo e a nomeação de uma nova equipa ministerial de tecnocratas e personalidades sem filiação partidária já tinha colocado Hamadi Jebali em rota de colisão com o líder do Ennahda, o partido islamista moderado que detém a maioria no Governo e na Assembleia Constituinte da Tunísia. Rached Ghannouchi criticou duramente o primeiro-ministro, que acusou de não ter consultado nem informado o partido dos seus planos.

Além da cúpula do Ennahda, também os outros dois parceiros de coligação não-islamistas censuraram a intenção de Hamadi Jebali de formar um governo de gestão de tecnocratas. Os dirigentes disseram que o novo governo teria de passar pelo crivo da Assembleia Constituinte, e deixaram claro que tentariam impedir a iniciativa do primeiro-ministro, votando contra as suas nomeações.

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