Um grupo armado de sete pessoas, liderado pelos irmãos Ammon e Ryan Bundy, que em Janeiro ocupou a sede de um parque no Oregon, foi ilibado pelo júri das acusações de conspiração e uso de armas para impedir funcionários federais de fazer o seu trabalho, que lhes poderiam ter dado pelo menos seis anos de prisão.

A sentença foi uma surpresa, emitida por um tribunal federal de Portland, no estado do Oregon. É uma derrota para os procuradores federais e para a autoridades, num julgamento que os réus e os seus advogados tentaram transformar num púlpito para a sua oposição ao controlo do Governo dos EUA sobre muitos hectares de terras no Oeste do país.

A ocupação, durante 41 dias, da Reserva Nacional da Vida Selvagem Malheur, em Janeiro, foi apresentada como um protesto de criadores de gado. A 2 de Janeiro de 2016, dezenas de homens armados entraram nas instalações da sede na reserva e fecharam a porta por dentro, garantindo que só sairiam de lá quando todos aqueles 760 quilómetros quadrados fossem “devolvidos aos seus legítimos proprietários” – os habitantes e criadores de gado da região, e não as agências governamentais dirigidas a partir da capital federal, Washington D.C.

O primeiro pretexto para a ocupação foi o regresso à cadeia de Dwight Hammond e do seu filho Steve Hammond, dois criadores de gado do condado de Harney com um passado de confrontação com agências federais, condenados a penas de prisão. Se os tribunais condenaram os Hammond, a a sua causa era cara a muitos outros criadores da região – e de outras zonas rurais nos EUA –, que têm de pagar para que o seu gado possa pastar em terrenos do governo federal, a quem não reconhecem autoridade para tomar decisões sobre direitos de propriedade no seu estado.

O empresário Ammon Bundy, de 41 anos, e o seu irmão Ryan, de 43, partiram do Arizona para o Oregon para lutar a favor dos Hammond. A 2 de Jabeiro, acabaram o dia a ocupar a Reserva Natural de Malheur, contra a vontade de muitos habitantes e criadores de gado da região, incluindo Dwight Hammond e Steve Hammond – que, através do seu advogado, fizeram saber que “nem Ammon Bundy nem ninguém do grupo ou da organização dele falam em nome da família Hammond”.

Durante os 41 dias da ocupação, acabou por morrer uma pessoa – Robert La Voy Finicum, atingido por balas da polícia depois de terem sido presos os irmãos Bundy. Mais de duas dezenas de elementos do grupo, que se definia como uma milícia, enfrentam acusações judiciais e um segundo grupo vai a julgamento em Fevereiro.

Os irmãos Bundy, apesar de terem sido absolvidos neste julgamento, devem ainda continuar em detenção, pois têm de responder por um confronto armado com a polícia de natureza semelhante no rancho do seu pai, Clive Bundy, no estado do Nevada, quando agentes federais tentaram apreender o gado para pagar o valor em atraso de taxas de pasto em terras do erário público.