Milhares de muçulmanos protestam contra nova caricatura de Maomé

Convocados pelo líder da União Mundial de Imãs Muçulmanos, os fiéis manifestaram o seu repúdio pela publicação de uma nova imagem do profeta Maomé na capa do jornal francês Charlie Hebdo.

Milhares de pessoas participaram na marcha de Amã, na Jordânia
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Milhares de pessoas participaram na marcha de Amã, na Jordânia AFP/KHALIL MAZRAAWI
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"Je suis muslim" - "eu sou muçulmano", gritou-se na Mauritânia AHMED OULD MOHAMED OULD ELHAD/AFP
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"Eu sou Maomé", na Argélia AFP
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Manifestação na Jordânia KHALIL MAZRAAWI/AFP
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Na Índia é queimada a imagem de Charb, o director assassinado do Charlie Hebdo Noah SEELAM/AFP

Quatro pessoas morreram e mais de 45 ficaram feridas em confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra a publicação de uma caricatura do profeta Maomé na última edição do jornal satírico francês Charlie Hebdo, na segunda cidade do Níger, Zinder.

Grupos de muçulmanos irados com a mais recente primeira página do semanário francês, atacado por terroristas islâmicos na semana passada, num atentado que fez 12 vítimas, saíram à rua em várias cidades africanas e do Médio Oriente esta sexta-feira, depois das tradicionais orações.

A ideia fora avançada pelo clérigo de origem egípcia Youssef Al-Qaradaoui, que dirige a União Mundial de Imãs Muçulmanos, sedeada no Qatar. Depois da distribuição da chamada “edição dos sobreviventes” do Charlie Hebdo, com uma imagem de Maomé na primeira página, o clérigo (que é a eminência por detrás da Irmandade Muçulmana) apelou à realização de manifestações pacíficas para censurar “a ofensa ao profeta”  perante o que descreveu como o “silêncio odioso” do Ocidente.

A maior concentração ocorreu em Amã, na Jordânia, onde uma marcha convocada por organizações de juventude reuniu mais de 2500 pessoas, com cartazes onde se lia que terrorismo global era o “atentado contra o profeta”. Iniciativas semelhantes decorreram na Argélia, Sudão, Mali, Qatar e Paquistão.

No Níger, uma manifestação em Zinder foi marcada pela violência. Segundo a Reuters, os manifestantes usaram paus e até arcos e flechas, e acabaram por incendiar um centro cultural francês, ignorando a presença policial. Nos confrontos que se seguiram, morreu um agente da autoridade e três manifestantes.

No Paquistão, realizaram-se marchas em Islamabad, Lahore, Peshawar, Multan e em Karachi, onde também se registaram confrontos, que fizeram um ferido grave.

Na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém Oriental, algumas centenas de manifestantes palestinianos que participaram nas orações de sexta-feira encenaram um protesto pacífico, com cartazes em que afirmavam que “o islão é uma religião de paz” e que “Maomé será sempre o nosso guia”. O grande mufti Mohammad Hussein, que esta semana qualificou a capa do Charlie Hebdo como um insulto e condenou “todas as formas de terrorismo”, não se referiu aos acontecimentos em Paris na sua intervenção.

Apesar das referências à paz, ouviram-se insultos contra os franceses, que foram apelidados de “bando de cobardes” pelos manifestantes de Jerusalém. Em Dakar, a bandeira tricolor foi queimada em frente à embaixada da França, e a expulsão do embaixador gaulês foi exigida em Cartum, no Sudão.

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