Mikhail Kalashnikov, inventor da AK-47, morreu aos 94 anos

A metralhadora foi inventada no início da Guerra Fria e usada em quase todo o mundo.

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Mikhail Kalashnikov com uma Ak-47, numa fotografia de 2003 Bas Czerwinski/AP

Kalashnikov, que tinha actualmente a patente de tenente-general, desenhou no início da Guerra Fria a primeira AK-47, frequentemente também designada pelo apelido do inventor ou, simplesmente, por "Kalash".

O militar russo que depois da II Guerra Mundial inventou as icónicas AK-47, que deram origem às armas mais usadas em todo o mundo, morreu na cidade de Izhevsk, 1300 quilómetros a leste de Moscovo, onde vivia e onde as metralhadoras ainda são fabricadas. Mikhail Kalashnikov tinha 94 anos.

A morte foi avançada por uma agência de notícias daquela região, onde Kalashnikov era uma celebridade. Estava hospitalizado desde Novembro.

Kalashnikov, que tinha actualmente a patente de tenente-general, desenhou no início da Guerra Fria a primeira AK-47, frequentemente também designada pelo apelido do inventor ou, simplesmente, por “Kalash”.

O modelo foi concebido para participar num concurso promovido pela União Soviética que tinha como objectivo encontrar uma arma para os soldados de infantaria do Exército Vermelho. A metralhadora acabou por ser fabricada em grandes quantidades a partir de 1949 – e copiada abundantemente ao longo das últimas décadas –, tendo sido usada pelos países na órbita do regime soviético, por terroristas e por guerrilheiros em vários continentes. O nome do modelo deriva das palavras russas que significam “[arma] automática Kalashnikov” e o 47 é uma alusão ao ano do concurso.

Filho de agricultores, Kalashnikov combateu na II Guerra Mundial. Em 1941 foi ferido durante uma batalha e retirado do terreno. Impressionado pelas armas usadas pelas forças nazis, começou a interessar-se pelo desenho de armamento. Acabou por liderar a equipa técnica que viria a conceber a arma (e onde também conheceu a sua segunda mulher).

A AK-47 e as Kalashnikovs que se seguiram – a AKM, produzida na década de 1950, e a AK-74 – tornaram-se conhecidas pela fiabilidade e por funcionarem mesmo em condições adversas. Durante os anos da Guerra Fria, a Rússia entregou as especificações de fabrico a países aliados, para que estes pudessem fazer as suas próprias armas. Na Guerra do Vietname, as “Kalash” revelaram-se melhores do que as metralhadoras M-16 então usadas pelos soldados dos EUA, que encravavam e tinham problemas frequentes. A bandeira de Moçambique inclui o desenho de uma AK-47 equipada com uma baioneta.

A propaganda soviética esforçou-se por tornar Mikhail Kalashnikov num herói nacional. A cidade de Izhevsk tinha uma estátua do militar, que foi mais do que uma vez distinguido como um herói nacional. Já em 2007, o Presidente russo, Vladmir Putin, classificou a arma “como um símbolo do génio criativo” do povo russo.



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