Michelle Obama na China para fazer "diplomacia de primeira dama"

Poderá uma visita da mulher do Presidente ajudar a melhorar as relações Washington-Pequim?

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Michelle, a nova arma de Obama na China? Reuters

Foi em Abril de 2012 que Michelle Obama foi a Espanha. Apesar das visitas oficiais que fez — ao rei, por exemplo —, os principais media americanos disseram que não passava de uma viagem de turismo e acusaram a Casa Branca de ter gasto centenas de milhares de dólares dos cofres públicos com as férias da mulher do Presidente. Agora que Michelle Obama visita a China, os jornais e televisões dão-lhe o benefício da dúvida — irá Michelle ajudar o marido nas relações, difíceis e tensas, com Pequim?

Mais optimistas, os jornais chineses chamam-lhe a "embaixadora de Obama" que foi a Pequim fazer "diplomacia de primeira dama" ou "diplomacia soft". E dizem — por exemplo o Beijing Times — que pode ajudar a reaproximar os dois governos que estão cada vez mais distantes.

Diz este jornal que uma possível boa relação entre as duas primeiras famílias poderá ajudar uma possível boa relação entre os dois governos. "Recentemente, temas como o Mar do Sul da China, as relação China-Japão e a Crimeia criaram problemas. Então, a diplomacia da primeira dama ajudará a diluir as emoções negativas [da China] em relação aos Estados Unidos", referia o Beijing Times. Acresce a estes problemas identificados pelos chineses o protesto de Pequim em Fevereiro, quando Obama recebeu na Casa Branca o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama.

Outros jornais chineses escreviam que a Pequim Obama enviou a mulher, mas em Abril irá ele mesmo visitar quatro países da Ásia (entre eles o Japão e a Coreia do Sul). Não aterrará na China, pois o clima entre Pequim e Washington está longe do degelo.

A Casa Branca pouco disse sobre a viagem de Michelle, que terminará no dia 26 de Março. Sabe-se que, com ela, leva a mãe e as duas filhas, além de uma vasta comitiva oficial. A primeira dama americana visitará escolas e assistirá a espectáculos. Também fará turismo — além de Pequim, onde será recebida por Peng Liyuan, mulher do Presidente chinês Xi Jinping, visita duas cidades no Norte da China, Xi’an e Chengdu (e a primeira dama chinesa acompanhará parte da viagem).

A chefe de gabinete de Michelle, Tina Tche (cujos pais são chineses e imigraram para os EUA nos anos de 1940) disse que todos estão "excitadissimos" com a viagem. "É uma honra e um previlégio e estamos todos muito excitados", disse. Um conselheiro da Casa Branca, Ben Rhodes (especialista em segurança e comunicações estratégicas), explicou que Michelle estava "há bastante tempo" à espera de uma oportunidade para visitar a China.

Os media, no entanto, querem saber quanto custa esta ida de Michelle e tão larga comitiva à China — na Espanha, a primeira dama gastou cerca de 487 mil dólares e anteriormente, numa ida à África do Sul (também visitou escolas e centros para jovens, falando do seu exemplo de mulher negra e pobre que com preserverança conseguiu ter sucesso) gastou aos contribuintes 424 mil dólares. E esperam que Michelle Obama não meta os pés pelas mãos, falando de temas que não deve, agravando o fosso entre a China e os EUA em vez de ajudar a fechá-lo.

"Penso que a principal mensagem [ao povo chinês] será a do exemplo da primeira dama e a dos valores americanos. Só [a história de Michelle] diz muito sobre o respeito pelos direitos humanos que estão inscritos no ADN dos Estados Unidos da América", disse Rhodes, esclarecendo que Michelle Obama sabe que há temas que lhe estão vedados; recebeu, aliás, treino dado pelo pessoal do conselho de segruança da Casa Branca e também falou com um grupo de alunos de Washington que esteve recentemente na China. "A primeira-dama foca-se na relação de pessoa para pessoa, na educação e na juventude, e isso terá eco na China".

Não há jornalistas americanos a viajar com a comitiva mas Michelle Obama prometeu manter o público informado através de posts no site da Casa Branca.

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