Merkel volta a pedir união à Europa para lidar com os refugiados

A cerimónia do 25º aniversário da reunificação serviu para dizer que, hoje como em 1990, “a Alemanha vai conseguir”.

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Merkel em Frankfurt onde se realizou a cerimónia oficial do 25º aniversário da reunificação alemã Kai Pfaffenbach /Reuters

A Alemanha celebrou este sábado o aniversário da sua reunificação num contexto de um afluxo de refugiados sem precedentes, cujo acolhimento e integração constituem para este país um desafio tão grande ou maior do que aquele que enfrentou há 25 anos.

No dia 3 de Outubro de 1990, as duas Alemanhas tornaram-se uma só e, para muitos alemães, essa data continua a evocar “as lágrimas de alegria (…) a sensação de que tudo é possível”, declarou o Presidente Joachim Gauck, durante a cerimónia oficial das comemorações em Frankfurt. “Devemos utilizar esta memória como uma ponte”, apelou, considerando que “o reservatório de experiências”, por vezes lentas e dolorosas, que produziram um país unificado, podem servir para “tornar os alemães mais fortes na situação actual”.

A chanceler alemã, que cresceu na antiga Alemanha de Leste, também pediu aos alemães para reencontrarem o ímpeto da reunificação para fazer face à chegada ao país de quase um milhão de refugiados este ano. “A Alemanha vai conseguir”, prometeu Angela Merkel, na sua habitual mensagem semanal que é divulgada através de um podcast da chancelaria, todos os sábados.   

A sua confiança está ancorada na sólida posição que a Alemanha ocupa como primeira potência económica, e cada vez mais política, na Europa. Mas a pressão é enorme e parte da opinião pública já está dar sinais de desagrado em relação à forma como a Alemanha está a carregar o maior fardo da crise de refugiados e migrantes. Cerca de 200 mil pessoas, na sua maioria a fugir dos conflitos da Síria e do Iraque, chegaram à Alemanha só em Agosto, um número maior do que aquele que foi registado em todo o ano de 2014.

Merkel recordou que, em 1990, a reunificação só foi possível graças aos aliados e vizinhos da Alemanha e que hoje, face à crise dos refugiados, “nós, alemães, não a podemos resolver sozinhos, mas temos que o fazer em conjunto na Europa e com o resto do mundo.”

Para lidar com o actual fluxo de refugiados e migrantes, Merkel considera que a Europa precisa de proteger as suas fronteiras externas, e “tem que as proteger em conjunto”, para que “a imigração para a Europa seja feita de forma ordenada”. A chanceler também evocou a necessidade de a Europa se responsabilizar mais pelos “países onde estão as causas que fazem as pessoas fugir e pelos países onde há grandes números de refugiados, como o Líbano, a Jordânia e a Turquia.”

A mão estendida da chanceler aos que fogem da guerra e da opressão suscitou fortes tensões entre os vários países da União Europeia, nomeadamente os do Leste europeu. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban, denunciou “o imperialismo moral” da Alemanha.

Dirigindo-se a todos os europeus, Merkel preferiu sublinhar o “desafio existencial” que acolher e cuidar de milhões de homens, mulheres e crianças desamparados representa para a União Europeia.

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