Merkel reeleita com 98% dos votos no congresso do seu partido

A chanceler alemã conseguiu oito minutos de aplausos e 97,8% dos votos dos delegados, declarando que o seu Governo é o mais bem sucedido desde a reunificação da Alemanha.

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Merkel ficou "comovida" com o resultado da votação Johannes Eisele/AFP

Foi com um tom combativo que a chanceler alemã, Angela Merkel, se dirigiu ao seu partido no último congresso antes das eleições do próximo ano na Alemanha. Obteve oito minutos de aplausos e foi reeleita líder da CDU com 97,9% dos votos dos delegados reunidos em Hanôver, uma percentagem recorde.

A chanceler sublinhou sucessos, repetindo o que parece já um mote de campanha: o seu Governo foi o que teve maior sucesso desde a reunificação da Alemanha, em 1990.

“Conduzimos a Alemanha através da crise e o país está agora mais forte do que quando entrou na crise”, disse Merkel, apontando o baixo desemprego e o crescimento económico – que ainda existe, apesar de um abrandamento.

“Estou espantada e comovida”, reagiu Merkel aos 98% de votos a seu favor. Há dois anos, tinha sido reeleita com 90% e era público que queria melhorar essa marca. A dimensão da votação é um sinal de unidade do partido em torno da que é actualmente a sua maior figura (um sector mais conservador não vê com grande agrado a viragem do partido para o centro levada a cabo por Merkel). A chanceler não conseguiu, no entanto, atingir a maior percentagem de um líder da CDU: em 1990, Helmut Kohl obteve 98,5% dos votos.

Entre os alemães, a chanceler goza de uma popularidade de quase 70%.

O problema dos liberais
No entanto, a sua rota para a reeleição em Setmebro de 2013 pode ser complicada pelo seu parceiro de coligação, o Partido Liberal Democrata (FDP), que, segundo as sondagens mais recentes, não ultrapassa a barreira dos 5%, necessária para ter representação parlamentar. E analistas políticos concordam que se, numa eleição no estado federado da Baixa Saxónia, em Janeiro, o partido não conseguir resultados melhores, o líder, Philipp Rösler, deverá ser afastado.

Mas, apesar disto, e apesar de CDU e FDP terem tido vários desentendimentos nestes anos de coligação, Merkel defendeu que esta é a melhor combinação possível de Governo. “Nestes tempos, nenhuma outra coligação poderia levar o nosso país a um futuro bom como a nossa, a coligação cristã-liberal”, disse a chanceler. Mas avisou: “Os nossos parceiros de coligação têm de melhorar.”

E, apesar do tom de sucesso, a chanceler alertou para o perigo de “complacência”, já que a crise não chegou ainda ao fim, a classificou estes tempos como “turbulentos”. “Vou dizê-lo claramente: temos de ter cuidado. Esta crise não será resolvida do dia para a noite, porque não começou do dia para a noite”.

No discurso de Merkel ainda houve espaço para um ataque aos seus adversários mais directos do Partido Social-Democrata (SPD): “Com um aumento no imposto sobre o rendimento e a introdução de um imposto sobre a riqueza, o programa dos sociais-democratas é um programa que põe em risco a classe média”, cita a emissora Deutsche Welle. 

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