Mayor de Toronto acusado de ter fumado crack

Três jornalistas dizem ter vídeo em que um homem que identificam como Rob Ford surge com um cachimbo de crack. Vídeo estará à venda por mais de cem mil dólares

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Há muito que Ford habituou a cidade às suas declarações polémicas Brett Gundlock/Reuters

Uma gravação, vista apenas por três pessoas, ameaça fazer cair o mayor de Toronto, um político controverso que habituou a cidade canadiana ao seu comportamento agressivo. Nas imagens, a que mais ninguém teve acesso, Rob Ford aparecerá a consumir crack, uma droga altamente viciante à base de cocaína.

O escândalo rebentou na quinta-feira, quando o director do Gawker, um site de informação dos EUA, revelou que lhe propuseram a compra de um vídeo comprometedor para o político conservador canadiano. John Cook viajou até Toronto para ver as imagens, mas não comprou a gravação. Garante no entanto que nos 90 segundos que dura o vídeo é possível ver um homem que aparenta ser o mayor com um cachimbo de crack na mão.

Pouco depois, o jornal Toronto Star noticiou que dois dos seus jornalistas também viram as imagens, aparentemente gravadas por telemóvel, e que também eles concluíram que era Ford quem surgia nas imagens “sentado numa cadeira, com uma camisa branca desabotoada, a inalar [droga] naquilo que parece ser um cachimbo de crack de vidro." O jornal também não comprou o vídeo, pelo qual os seus autores pediriam mais de cem mil dólares, não tendo por isso meios de verificar a sua autenticidade mas, no seu editorial de ontem, diz que o mayor deve explicações à cidade.

Ao seu estilo, Rob Ford respondeu que a acusação é “ridícula” e não passa “de mais uma história do Toronto Star” para o descredibilizar. O seu advogado ameaçou os jornalistas com processos de difamação e disse estar ainda a tentar perceber “se tal vídeo existe e se foi adulterado ou manipulado”. Mas tanto opositores como aliados políticos do autarca pediram já a Ford que esclareça o caso.

Entretanto, tanto o Gawker  como o jornal canadiano The Province lançaram petições online para recolher o dinheiro necessário à compra das imagens.

O New York Times recorda que esta é a última de uma longa lista de suspeitas lançadas contra o mayor, eleito em 2010 com a promessa de pôr fim à “guerra aos carros” na cidade (uma acusação que fez ricochete quando foi filmado a ler documentos enquanto guiava num viaduto de Toronto). No início do ano, um tribunal de apelação anulou uma anterior decisão judicial de perda de mandato por alegado conflito de interesses num caso em que era acusado de ter recebido dinheiro para uma equipa de futebol da qual é treinador. Dois meses depois, a antiga rival na corrida à câmara de Toronto acusou-o de a ter tocado de forma imprópria quando assistiam a uma cerimónia pública.

Mas Ford começou a construir a sua reputação há mais de dez anos, quando era apenas membro da assembleia municipal. Num vídeo de uma sessão, em 2003, Ford diz sentir-se “insultado” com a proposta para a criação de um centro para pessoas sem-abrigo na zona onde residia, no subúrbio de Toronto. Em vez de uma “reunião pública” para discutir o assunto “não será melhor fazer um linchamento em público?”, pergunta. Noutras imagens, datadas de 2007, o autarca diz lamentar a morte de ciclistas em acidentes rodoviários na cidade, mas acrescenta: “No final de contas, a culpa é deles”.  

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