Vinte das vítimas de Newtown tinham seis e sete anos

Senadora democrata vai apresentar proposta para proibir armas de assalto. Obama estará com famílias na noite deste domingo.

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Memorial improvisado em Newtown Mike Segar/Reuters

O mais novo, Noah, tinha feito seis anos no dia 20 de Novembro. O mais velho, Daniel, completara sete a 25 de Setembro. As investigações para tentar perceber como e porquê um jovem de 20 anos matou a sangue-frio 20 crianças de seis e sete anos e seis adultos, numa escola de Newtown, estado de Connecticut, EUA, ainda decorrem. Mas as autoridades já revelaram a identidade das vítimas e começaram a divulgar aspectos do massacre de sexta-feira.

Entre as 26 pessoas mortas na escola, contam-se 12 raparigas e oito rapazes. Dezasseis tinham seis anos, quatro tinham sete anos. Nos seis adultos mortos na escola de Sandy Hook, todos mulheres, incluem-se a directora, duas professoras e a psicóloga. Informações divulgadas numa conferência de imprensa da polícia acentuam ainda mais o horror: as vítimas foram repetidamente alvejadas.

Antes do massacre na escola, o autor dos disparos, Adam Lanza, matou a mãe, em casa. Ao perceber a aproximação da polícia, suicidou-se. O número total de mortos é de 28.

Lanza forçou a entrada no estabelecimento a tiro, disse o governador do estado, o democrata Dan Malloy, em declarações a estações de televisão. “O que sabemos é que entrou a disparar. Ninguém o deixou entrar. Disparou para criar uma passagem. Uma espingarda de assalto permite fazê-lo”, disse à CNN. “A escola estava fechada, usou a arma para disparar através das janelas e conseguiu entrar”, afirmou à ABC. “Depois foi a uma primeira sala, a seguir a uma segunda, e foi aí, pensamos, que se suicidou, ao sentir a chegada da polícia.”

O governador juntou a sua voz aos que defendem medidas de controlo de armamento. “São armas de assalto, não se caçam veados com armas destas”, disse num programa da CNN. O atirador usou uma arma de tipo militar.

Já este domingo a senadora democrata Dianne Feinstein disse que vai apresentar uma lei para proibir o uso de armas de assalto. “Vou introduzi-la no Senado, e o mesmo texto será apresentado na Câmara dos Representantes”, afirmou numa entrevista à  NBC. Questionada sobre se o Presidente Barack Obama apoiará a iniciativa, disse: “Penso que o fará”.

Porém, como nota a AFP, num Congresso dividido, só um acordo entre as lideranças democrata e republicana poderá tornar a proposta viável. A proibição de armas de assalto foi aprovada na presidência de Bill Clinton, nos anos 1990, mas expirou em 2004, na presidência de George W. Bush. O direito de posse de arma está previsto constitucionalmente.

Obama é esperado ainda este domingo em Newtown, onde se deve encontrar com familiares das vítimas e agradecer o trabalho dos serviços de urgência, segundo informação divulgada pela Casa Branca. Está previsto que fale numa cerimónia religiosa marcada para as 19h00 locais, meia-noite em Portugal continental.

O governador do Connecticut disse também que “tem de se estar perturbado para cometer um crime deste tipo. […] Esta informação será provavelmente confirmada, mas é claro que o assassino é uma pessoa perturbada”, disse Dan Malloy à ABC.

O pai do autor do massacre manifestou incompreensão e dor pelo sucedido. “A nossa família chora, com todos os que foram atingidos por esta enorme tragédia”, escreveu Peter Lanza, num comunicado divulgado pela cadeia de televisão WFSB. “Nenhuma palavra pode exprimir até que ponto os nossos corações estão despedaçados.”

O Papa Bento XVI manifestou também este domingo a sua dor pelas vítimas. “Estou profundamente entristecido pela violência sem sentido de sexta-feira em Newtown”, disse o chefe da Igreja Católica.

 

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