Mario Monti anuncia intenção de se demitir

Primeiro-ministro italiano reuniu-se com Presidente, após perda do apoio do centro-direita. Quer sair e apenas espera pela aprovação do Orçamento.

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Mario Monti Eric Gaillard/Reuters

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, tem intenção de se demitir logo que seja aprovado o próximo Orçamento italiano, informou neste sábado o gabinete do Presidente, Giorgio Napolitano.

Monti e Napolitano reuniram-se à noite durante duas horas. O primeiro-ministro afirmou que se o orçamento puder ser passado rapidamente vai confirmar de imediato a demissão.

O primeiro-ministro afirmou que sem o apoio do partido do antigo primeiro-ministro Silvio Berlusconi não sente que tenha apoio parlamentar. O bloco do Povo da Liberdade (PdL), de Berlusconi, é essencial para a aprovação de medidas. Na quinta-feira passada, o partido não votou com Monti em duas ocasiões, embora garantisse que iria votar favoravelmente o orçamento.

Monti “verificará o mais depressa possível se as forças políticas que não querem assumir a responsabilidade de uma crise com consequências mais graves, também a nível europeu” estariam “dispostas a contribuir para a aprovação da lei de estabilidade orçamental num prazo curto”, diz o comunicado da presidência.

Mario Monti “não considera possível prosseguir o seu mandato e manifestou a intenção de apresentar a sua demissão”, diz o mesmo comunicado.

Este anúncio foi feito no dia de uma outra declaração: a de Silvio Berlusconi, que do campo de treinos da sua equipa, o AC Milan, disse que iria candidatar-se pela sexta vez ao cargo de primeiro-ministro (o que conseguiu em três das eleições).

Desta vez, no entanto, ninguém espera que Berlusconi consiga uma vitória. Apesar de ter garantido que concorria para vencer, para o seu partido um bom resultado seria se conseguisse impedir uma maioria da esquerda, liderada pelo antigo comunista Pier Luigi Bersani, 61 anos.

Berlusconi afastou-se há 13 meses da chefia do Governo num ambiente de total descrédito internacional que se traduziu no piorar das condições de empréstimos à Itália. Perante os sinais, na semana passada, de que poderia mesmo candidatar-se às legislativas, então esperadas para Março, os mercados voltaram a sinalizar preocupação, com acções italianas a desvalorizar e os juros da dívida pública a subir.

Monti tinha sublinhado, antes da reunião com Napolitano, que esperava que quem quer que lhe sucedesse não deitasse a perder o trabalho feito e alertou contra o perigo dos populismos. Berlusconi está justamente a questioná-lo: “Não posso deixar que o meu país entre numa espiral recessiva."

As eleições legislativas em Itália deveriam realizar-se o mais tardar até Abril, com a imprensa a especular que deveriam ter ligar em Março. A imprensa italiana especulava que a esquerda estava a pressionar para uma data mais cedo, para não deixar que Berlusconi concretizasse a esperada estratégia de se distanciar das medidas de austeridade que o seu partido tem vindo a apoiar.

 
 
 
 
 
 
 
 
 

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