Marina Silva deixa indícios de apoio a Aécio Neves na segunda volta

As duas candidaturas vão tentar aproximações aos socialistas para recolher uma aliada que será determinante na segunda volta. Marina diz que resultados mostram desejo de mudança.

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Marina Silva conseguiu cerca de 20% dos votos Miguel Schincariol / AFP

“O Brasil mostrou que não quer mais o que está aí.” Com estas palavras, Marina Silva, candidata derrotada às eleições presidenciais brasileiras, deu os primeiros indícios de que poderá apoiar o líder do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Aécio Neves.

Fechada a contagem de votos da primeira volta das eleições presidenciais brasileiras, é hora de somar apoios para a segunda disputa, a 26 de Outubro, entre a Presidente, Dilma Rousseff, e Aécio Neves. A grande questão é em quem Marina Silva irá depositar o seu apoio.

Os próximos dias vão ser preenchidos com consultas entre os partidos que compõem a coligação liderada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). que apoiou a candidatura de Marina Silva, mas as declarações da ecologista foram interpretadas pela imprensa brasileira como um claro sinal de que Aécio Neves poderá contar com a sua colaboração.

“Nós vamos fazer essa discussão (…), mas estatisticamente a sociedade mostra isso: não há como tergiversar o sentimento de 60% dos eleitores”, disse ainda Marina.

Nas primeiras palavras que dirigiu após a revelação dos resultados, o candidato social-democrata aproveitou desde logo para ensaiar uma aproximação à agora ex-adversária. “Quero deixar uma palavra de homenagem a um homem público honrado, que foi abatido por uma tragédia no meio dessa campanha”, disse Aécio Neves, referindo-se a Eduardo Campos, o líder dos socialistas que morreu num desastre aéreo.

Sobre Marina, o candidato presidencial preferiu ser cauteloso e afastou qualquer cenário de antecipação de uma aliança, embora tenha enaltecido o “enorme respeito pessoal pela ex-ministra”. Para que Aécio tenha hipóteses de destronar Dilma na presidência, serão necessários "dois terços dos votos de Marina", estima o colunista da Folha de São Paulo, Demétrio Magnoli. "Isso não é trivial, nunca aconteceu antes", disse ainda Magnoli, acrescentando que apenas "um apoio firme, engajado e verdadeiro de Marina" a Aécio poderá conduzir o social-democrata à vitória.

Mas não é apenas Aécio que procura fazer de Marina uma aliada. Entre as fileiras do Partido dos Trabalhadores (PT) de Dilma também se assume o interesse em contar com o apoio da candidata ecologista. O ministro da secretaria-geral, Gilberto Carvalho, já entrou em contacto com o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, numa primeira aproximação. Ao jornal O Globo, o dirigente “petista” garantiu que os socialistas querem “construir um caminho” com o PT, mas Amaral terá pedido “calma” e tempo para consultas.

Será difícil, porém, que Marina apoie a recandidatura de Dilma Rousseff, depois de uma campanha em que foram feitas duras críticas de ambos os lados. A improbabilidade de uma aproximação entre o PT e Marina Silva não significa que a socialista apoie automaticamente Aécio, podendo repetir a decisão tomada nas últimas eleições, quando não apoiou ninguém na segunda volta.

Certo é que a decisão que vai ser tomada nos próximos dias por Marina Silva, cuja candidatura recolheu mais de 20% dos votos, será determinante para o “desempate” de dia 26 – entre Dilma Rousseff e Aécio Neves sobram apenas oito pontos de distância.

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