Marina, a predestinada

Comentadores lembram o "sebastianismo" para explicar o apelo eleitoral da candidata ecologista.

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Marina Silva em campanha em Brasília AFP PHOTO/Pedro LADEIRA

Na sua coluna para a edição brasileira do El País, o jornalista argentino Carlos Pagni referia-se a uma tradição “sebastianista” brasileira, “uma confiança em que a morte possa prover a política de uma redenção messiânica”, e que se manifesta na presente campanha eleitoral com a morte e posterior “canonização” de Eduardo Campos – um fenómeno que, nas suas palavras, agigantou a candidatura de Marina Silva e poderá mesmo levá-la até à presidência da República.

Para muitos brasileiros – e provavelmente também para a própria –, a tragédia de Campos veio confirmar a aura de “predestinada” que paira sobre Marina Silva, fruto da sua impressionante história de vida e também da sua arreigada fé evangélica. “Há uma ideia no imaginário brasileiro do salvacionismo, o personalismo na vida política, a ideia de que existe uma figura que, num momento de crise, pode representar um novo tempo e novas aspirações”, explicava ontem Eurico Figueiredo, coordenador da pós-graduação de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, ao jornal O Globo.

Mas no plano mais terreno da política eleitoral, a candidatura de Marina não está isenta de fragilidades. Na actual campanha, um dos seus principais desafios será ultrapassar a desconfiança e mesmo rejeição de alguns dirigentes do partido que comanda a coligação “Unidos pelo Brasil”, que a ecologista só integrou em último recurso depois de falhar a legalização do seu próprio movimento político.
 

  

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