Manifestantes pró e anti-Nicolás Maduro saíram à rua na Venezuela

Presidente apresentou plano de segurança que implica estabelecer normas para os media.

Manifestante da oposição bloqueia uma artéria principal de Caracas
Fotogaleria
Manifestante da oposição bloqueia uma artéria principal de Caracas Jorge Silva/REUTERS
Fotogaleria
Apoiantes de Maduro, com faixas recordando Hugo Chávez LEO RAMIREZ/REUTERS

Cerca de três mil manifestantes vestidos de branco e envolvidos na bandeira tricolor venezuelana, a maioria dos quais estudantes, juntaram-se neste sábado na zona leste de Caracas para protestar contra o governo de Nicolás Maduro.

Noutras áreas da capital venezuelana, partidários do regime saíram também à rua, vestidos de vermelho e com cartazes do falecido Presidente Hugo Chávez, nesta espécie de confronto à distância que tem marcado os últimos 12 dias, desde que estudantes pró-oposição começaram a manifestar-se.

Os apoiantes de Maduro respondiam a um apelo feito pelo Presidente para que saíssem à rua para desfilar “pela paz e contra o fascismo” – um termo habitualmente usado pelas autoridades para designar a oposição. O Governo diz que os partidos da oposição estão a tentar provocar “um golpe de Estado”, relata a AFP.

Na quarta-feira, as manifestações contra o custo de vida – que não pára de aumentar devido a uma inflação galopante de 56%, que é a mais alta do mundo – a insegurança e outras misérias deste país rico em petróleo mas onde há falta de tudo o mais resultaram em confrontos que fizeram três mortos. Segundo os números oficiais, 66 pessoas ficaram feridas e 69 foram detidas.

O Departamento de Direitos Humanos das Nações Unidas manifestou preocupação com a violência e apelou a que todas as partes dialoguem para resolver a crise de forma pacífica. “Recebemos também relatos preocupantes de intimidação de jornalistas, alguns dos quais viram o seu equipamento apreendido, e alguns repórteres foram atacados enquanto estavam a fazer a cobertura dos protestos”, disse o porta-voz da ONU Rupert Colville, em Genebra.

O Presidente Nicolás Maduro tentou retomar a iniciativa política anunciando na noite de sexta-feira um plano para lutar contra a violência que torna a Venezuela o país com a segunda taxa de homicídios mais elevados do mundo - 79 para 100.000 habitantes, segundo a organização não governamental Observatório Venezuelano da Violência. Desarmar a população civil – num país onde as armas abundam – e reforçar as patrulhas de polícia fazem parte do plano.

Mas a investida contra os media, e em particular a televisão, também faz parte do plano de segurança. O plano inclui “iniciar uma nova cultura comunicacional para a paz” que, segundo o Presidente, estabelecerá “normas claras para todas as televisões venezuelanas, a cabo e aberta”. Mas não avançou mais pormenores.

Sugerir correcção
Comentar