Malala não recebeu o Nobel mas foi recebida por Obama

Na Casa Branca, a adolescente criticou os ataques com aviões não-tripulados contra as zonas tribais do Paquistão

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Malala na Casa Branca com Obama, Michelle e Malia Pete Souza/Casa Branca/Reuters

Pouco mais de um de ano depois de ter sido baleada na cabeça por ordem dos taliban, Malala Yousafzai foi recebida sexta-feira na Casa Branca pela família Obama. No encontro com o Presidente norte-americano, a adolescente paquistanesa que faz da tenacidade a sua arma criticou os ataques com drones contra a sua região natal.

“Agradeci ao Presidente Obama pelo trabalho dos Estados Unidos no apoio à educação no Paquistão e Afeganistão e aos refugiados sírios”, revelou Malala, num comunicado divulgado depois do encontro privado, do qual apenas foi divulgada uma fotografia, mostrando a jovem activista paquistanesa sentada ao lado de Obama, da mulher Michelle e da filha Malia.

Vítima do fundamentalismo dos taliban – que decretaram a sua morte quando as suas palavras a favor da educação das raparigas se tornaram demasiado incómodas –, Malala deixou críticas àquela que é a principal estratégia de Washington contra os radicais paquistaneses: “Manifestei também a minha preocupação por os ataques com drones estarem a fomentar o terrorismo. Vítimas inocentes são mortas nestes ataques que provocam também grande ressentimento entre o povo paquistanês.” Para Malala, se os EUA concentrarem os seus “ esforços na educação isso terá um impacto muito maior” do que o recurso a intervenções armadas.

Num comunicado distribuído também depois do encontro, Obama elogiou Malala pela “inspiração e o trabalho apaixonado a favor da educação das raparigas no Paquistão” e disse que os EUA se juntam ao povo paquistanês para “celebrar a sua coragem e determinação para promover o direito de todas as raparigas a irem à escola e concretizarem o seu futuro”.

De visita aos Estados Unidos para promover a autobiografia I’m Malala (Eu sou Malala, a resposta que deu ao homem que a baleou na cabeça), a adolescente paquistanesa foi distinguida quinta-feira pelo Parlamento Europeu com o Prémio Sakharov para a liberdade de pensamento e foi apontada como uma das favoritas ao Nobel da Paz, atribuído ontem à Organização para a Proibição das Armas Químicas.
 
 

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