Malala anuncia criação de fundo em primeira declaração pública

A adolescente, gravemente ferida num ataque taliban em Outubro, diz que está a recuperar e que quer continuar com o seu activismo pela educação das crianças paquistanesas.

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Malala sofreu ferimentos graves na cabeça, no ataque de Outubro AFP/QUEEN ELIZABETH HOSPITA

Pela primeira vez, Malala Yousafzai, a paquistanesa de 15 anos activista pela educação, falou em público. Quatro meses depois de ter sido alvo de um violento ataque taliban no seu país, que a deixou gravemente ferida, a jovem surge num vídeo divulgado esta segunda-feira, e a forma como fala não revela medo, mas sim determinação. Vai criar o Fundo Malala, para garantir o acesso de meninas paquistanesas à educação, e o seu estado de saúde não será um impedimento. “Estou a melhorar a cada dia”, diz.

O vídeo, divulgado pela BBC e pelo The Guardian, foi gravado dias antes de uma cirurgia para a reconstrução do crânio (a menina foi atingida a tiro na cabeça), a última a que Malala foi submetida e que, segundo a equipa médica que a tem acompanhado desde o início, correu bem.

Naquela que é a sua primeira declaração pública, a jovem paquistanesa fala em Inglês, mas também em Urdu e em Pashto. Malala diz que as suas orações e as que muitos fizeram em seu nome foram ouvidas. “Hoje podem ver que estou viva. Posso falar, posso ver-vos, posso ver-vos a todos. Estou a melhorar a cada dia. Isso é por causa das orações das pessoas. Porque todos, homens, mulheres, crianças, todos eles rezaram por mim”. Para Malala, foi devido à dedicação de todas as pessoas que a apoiaram que Deus lhe deu “uma segunda oportunidade”. “Quero servir, quero servir o povo. Quero que todas as raparigas, todas as crianças, sejam educadas”, sublinhou.

Para garantir a educação de crianças paquistanesas, Malala anunciou a criação de um fundo com o seu nome que contará com o apoio da organização não-governamental lançada nos Estados Unidos, Vital Voices.

No dia 9 de Outubro do ano passado, Malala foi vítima de um ataque de talibans que a deixou gravemente ferida. A jovem regressava da escola, em Mingora (na região paquistanesa de Swat), quando foi atingida por tiros no pescoço e na cabeça. Seis dias depois do ataque, foi transferida para o Hospital Queen Elizabeth, em Birmingham, onde está a ser acompanhada até hoje.

A adolescente, um símbolo da resistência contra os taliban do Paquistão, que pretendem negar o acesso das mulheres à educação e a outros direitos, foi atacada depois de vencer o National Peace Award for Youth, no Paquistão, e de ter sido nomeada para o International Children’s Peace Prize, da Dutch Kids Rights Foundation.
 

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