Fuga de água em Fukushima é classificada como incidente nuclear de nível 3

Cerca de 300 toneladas escaparam de um dos tanques onde estão armazenadas barras de combustíveis usadas.

A Agência de Regulação Nuclear Japonesa propôs que a fuga de água radiactiva na central nuclear de Fukushima seja reclassifica como um incidente nuclear de nível 3, mais grave do que inicialmente se admitia. A empresa operadora da central, a Tokyo Electric Power (Tepco), reconheceu que pelo menos 300 toneladas de água altamente radioactiva foram encontradas na segunda-feira.

Um funcionário descobriu a fuga e as autoridades declararam que se tratou de incidente de nível 3 numa escala que vai até 7, marcando "um acontecimento extraordinário e grave".  Esta é a primeira vez que é feito um alerta deste tipo desde o sismo e tsunami de 2011.

Um responsável da Tepco explicou que a água provavelmente escapou de um tanque, depois de ter passado uma barreira de cimento. Perante críticas de que não está a levar suficientemente a sério a crise, e com as acões a cair 15% na Bolsa de Tóquio, a Tepco deu uma conferência de imprensa nesta quarta-feira, assegurando que está a a esforçar-se para resolver a situação. "Vamos reforçar os meios afectos ao tratamento da água radioactiva", garantiu o director geral da Tepco, Zengo Aizawa.

Inicialmente, a fuga foi classificada como incidente de nível 1, mas a Autoridade de Regulação Nuclear Japonesa propôs esta quarta-feira a reclassificação, que terá ainda de ser confirmada pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) das Nações Unidas. Com cada avanço na escala, a gravidade do incidente ou acidente nuclear aumenta dez vezes. Os "incidentes" estão classificados de 1 a 3, e os acidentes de 4 a 7. Fukushima e a explosão em Tchernobil, na Ucrânia, foram acidentes de grau 7.
 
Cinco anos numa hora

A agência japonesa Kyodo revelou que esta água está a emitir 100 millisieverts de radiação por hora - 350 mil vezes superior ao normal. Segundo o director-geral da Tepco, é equivalente à exposição a que um trabalhador da central está sujeito em cinco anos. “Podemos dizer que o nível de radiação é suficientemente elevado para dar alguém uma dose de radiação de cinco anos em apenas uma hora”, explicou à Reuters Masayuki Ono.

Atingida pelo sismo e pelo tsunami de 11 Março de 2011 no Japão, a central de Fukushima ficou sem os seus sistemas de arrefecimento e foi alvo de uma série de explosões, de fusão de combustível nuclear e de libertação de material radioactivo. Foi o segundo maior desastre nuclear, superado apenas por Tchernobil, em 1986.

Ao longo dos últimos dois anos, a Tepco teve de resolver a questão central do arrefecimento dos reactores. Mas uma série de outros problemas estão ainda longe de estarem solucionados, entre eles o da água contaminada - precisa de milhões de litros de água para continuar a arrefecer os reactores que entraram em fusão, e também para encher as piscinas onde estão os bastões de combustíveis usados nos reactores, que levam anos a baixar de temperatura.

Foi num desses reservatórios que se deu a fuga de água radioactiva desta vez, embora o problema da água radioactiva na central de Fukushima seja mais alargado. Há outras fugas de água que se se infiltraram no solo e, que além de estarem a contaminar cursos de água, estão a chegar ao oceano Pacífico (ver infografia).
 

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