Maduro encerra mais um troço de fronteira com a Colômbia

Agravam-se as relações entre os dois países e adensa-se a crise humanitária em Cucuta , onde estão concentrados os colombianos expulsos pelo Governo de Caracas.

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Colombianos estavam a usar o rio Tachira para regressar à Colombia, mas Maduro mandou fechar esta fronteira Jose Miguel Gomez/Reuters

Estão cada vez mais azedas as relações entre a Venezuela e a Colombia, envolvidas num conflito que degenerou numa crise humanitária. Ontem, por ordem do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mais um troço da fronteira entre os dois países foi encerrado e para a zona foram enviadas tropas com a missão de “procurar paramilitares [colombianos] até debaixo das pedras”.

Num discurso a apoiantes, na sexta-feira à noite, Maduro explicou por que razão decidiu alargar a decisão que tomou na semana passada de encerrar parte da fronteira. “Para limpar [da fronteira] os paramilitares, a criminalidade, o contrabando e o tráfico de droga, decidi fechar a fronteira na zona número dois no estado de Tachira”, no noroeste da Venezuela, disse Maduro.

Na origem do conflito que dura há mais de uma semana está a morte de três militares e um civil venezuelanos, apanhados numa emboscada na fronteira — Caracas diz que foram mortos por paramilitares, mas não os identificou. Além do encerramento desse primeiro troço, Maduro ordenou a expulsão de mais de mil colombianos a viver na Venezuela, o que abriu uma crise humanitária. O encerramento do segundo troço vai criar ainda mais problemas pois era por ali, pelo rio Tachira, que é uma fronteira natural entre os dois países, que milhares de colombianos estavam a passar, desde há vários dias, da Venezuela para a Colombia.

À povoação mais próxima da fronteira, Cucuta (nordeste), já chegaram cerca de sete mil pessoas, 1097 expulsas pelo Governo venezuelano das suas casas e mais seis mil que saíram do país governado por Maduro voluntariamente. Atravessam o rio com literalmente tudo o que têm (de móveis a animais), instalando-se num acampamento provisório em Cucuta, onde estão a ser assistidos pela Cruz Vermelha e pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, ACNUR.

As relações entre a Venezuela e a Colombia tinham melhorado substancialmente desde a chegada de Juan Manuel Santos à presidência da Colômbia, depois de anos de choque entre os anteriores chefes de Estado, Hugo Chávez e Álvaro Uribe. Maduro disse estar pronto para um frente-a -frente com Santos. “Estou pronto para encontrar o Presidente Santos quando ele quiser, onde ele quiser. Chegou o momento de nos olharmos cara a cara e de resolver este assunto”, disse Maduro. Mas em Bogotá, a ministra colombiana dos Negócios Estrangerios, Maria Angela Holguin, disse que Santos já apelara a um diálogo directo mas não obtivera resposta por parte do venezuelano.

Santos, que classificou de “inaceitável” o tratamento dado aos cidadãos colombianos expulsos, pediu a intervenção urgente da Unasur (União das Nações Sul-Americanas) na resolução do conflito e na “denuncia ao mundo do que se passa”. Mas para já a reunião da organização está marcada para 3 de Outubro, em Quito, no Equador.

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