Lula diz que protestos no Brasil são consequência do progresso

Antigo Presidente admite que é preciso mudanças na política, mesmo no seu partido, em artigo no New York Times.

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Lula e Dilma comemoraram este ano o 10º aniversário do Partido dos Trabalhadores (PT) no poder Yasuyoshi Chiba/AFP

O ex-Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, rejeitou a leitura de que os protestos no Brasil sejam uma rejeição da política e fez a leitura de que se devem ao muito que o país já conseguiu – e os jovens querem, compreensivelmente, mais.

"Na última década, o Brasil duplicou o número de estudantes universitários, muitos de famílias pobres. Reduzimos drasticamente a pobreza e a desigualdade", escreveu Lula. “Estas são conquistas significativas,ainda assim é completamente natural que jovens, especialmente os que estão a conseguir coisas que os seus pais nunca tiveram, queiram mais”.

Os manifestantes, sublinhou Lula, querem mais do que melhorias materiais. Querem uma democracia mais transparente, “sem as distorções do anacrónico sistema político e eleitoral do Brasil”.

O antigo Presidente elogiou a sua sucessora, que fora aliás escolhida por si, por propor uma eleição para fazer a reforma política de que o país precisa e pedir um compromisso nacional para melhorar a saúde, a educação e os transportes públicos.

Mas não deixou de sugerir que o seu partido, o PT, precisa de uma “renovação profunda” e de “recuperar as ligações diárias com os movimentos sociais” do país.

Lula destacou ainda o uso das redes sociais durante os protestos. O ex-presidente afirmou que é "necessário pensar em novas formas de participação política” e que as novas tecnologias podem ser usadas para “promover o diálogo com a sociedade".

E aos que se sentem desiludidos com os políticos e não encontram nenhum com que se identifiquem, propôs: “Se não encontras nos outros o político que procuras, poderás encontrá-lo, a ele ou a ela, em ti mesmo.”

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