Liga Árabe anuncia a formação de uma força militar

Os 22 países reunidos no Egipto querem ainda que os huthis abandonem a capital do Iémen e entreguem as armas às “autoridades”.

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O rei Salman (à esquerda) da Arábia Saudita com o Presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi (à direita) durante a cimeira AFP

Os líderes de 22 países árabes que se reuniram neste sábado numa cimeira em Sharm el-Sheikh, no Egipto, anunciaram a formação de uma força militar regional para conter as crescentes ameaças à segurança na região, à medida que os conflitos aumentam em países como o Iémen ou a Líbia.

A ideia de uma força árabe, levada para a cimeira pelo Presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi, poderá demorar meses para se tornar real, devido aos mecanismos e à logística necessária. As experiências semelhantes que se tentaram fazer no passado falharam em produzir resultados num mundo Árabe dividido.   
A força militar será formada por voluntários, o que significa que nenhum estado terá obrigação de fazer parte da força. Também caberá a cada país decidir quantos soldados e verbas contribui, e onde terá base a sua parte da força. Isso pode dar aos estados árabes a flexibilidade para intervir em países como o Iémen, onde a Arábia Saudita lidera uma coligação de dez países contra os huthis desde quinta-feira, quando começou ataques aéreos contra alvos dos rebeldes.

A reunião debruçou-se também sobre essa operação: “O Iémen estava à beira do abismo, requerendo acções eficazes árabes e internacionais depois de se terem esgotado todos os meios para uma resolução pacífica para acabar o golpe huthi e restabelecer a legitimidade”, declarou o chefe da Liga Árabe, Nabil Elaraby, lendo o comunicado final. A acção só terminará, prometeu o grupo, até que os rebeldes “se retirem e entreguem as suas armas”.

20 mortos durante a noite
Entretanto, os combates continuam na quarta noite desde que a coligação liderada por Riad (capital da Arábia Saudita) iniciou os bombardeamentos no Iémen. Na cidade costeira de Áden, no Sul do país, confrontos nocturnos entre os comités de defesa e os huthis fizeram pelo menos 20 mortos, depois dos rebeldes dispararem na zona do aeroporto, provocando incêndios, segundo fontes militares, adianta a AFP.  

Os confrontos para controlar o aeroporto internacional continuaram, com interrupções, até domingo de manhã, depois de as forças huthis terem reconquistado o controlo de uma posição estratégica perdida anteriormente, que levou à morte de nove rebeldes. Cinco membros dos comités de defesa foram mortos ao tentar repelir os rebeldes.

Numa das estradas perto do aeroporto, 11 rebeldes foram feitos prisioneiros em confrontos durante a noite, avança a AFP.

Nos últimos quatro dias, já morreram 95 pessoas só em Áden, que tem vivido combates violentos. A cidade afundou-se no caos depois da partida do Presidente iemenita Abd Mansour Hadi, na quinta-feira, para a Arábia Saudita, que faz fronteira no Norte do Iémen.  

Um responsável de um país do Golfo já disse à Reuters que o tempo previsto para a operação militar Tempestade Decisiva, levada a cabo pela coligação e inicialmente pensada para durar um mês, poderia estender-se até talvez seis meses.

Apesar de não ter havido nenhuma invasão terrestre, a Arábia Saudita tem 150 mil soldados na fronteira. O Egipto já admitiu também enviar tropas para o terreno, caso seja necessário.

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