Líder do Boko Haram jura fidelidade ao Estado Islâmico

Mensagem áudio divulgada no mesmo dia em que três novos ataques atribuídos aos islamistas fizeram pelo menos 58 mortos na Nigéria.

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Abubakar Shekau num vídeo divulgado em Maio de 2014 pelo Boko Haram AFP

O líder do grupo islamista nigeriano Boko Haram, Abubakar Shekau, anunciou neste sábado fidelidade ao movimento jihadista Estado Islâmico, no mesmo dia em que três novos atentados fizeram pelo menos 58 mortos na Nigéria e voltaram a espalhar o terror no nordeste do país.

É num registo áudio de oito minutos, difundido através da conta de Twitter do Boko Haram, que Abubakar Shekau formaliza o anúncio, difundido a apenas três semanas das eleições presidenciais nigerianas que os islamistas ameaçam boicotar.

“Anunciamos a nossa fidelidade ao califa dos muçulmanos, Abu Bakr Al-Baghdadi Al-Husseini Al-Qurashi", o líder do autoproclamado Estado Islâmico, declara a voz que se ouve na gravação e que se identifica como sendo a do chefe do Boko Haram.

Al-Qurashi é mais conhecido pelo nome de guerra Abu Baqr al-Baghdadi, que em Junho de 2014 proclamou um califado em vastas zonas da Síria e do Iraque.

Na mensagem áudio agora conhecida, Abubakar Shekau expressa-se em árabe e a intervenção é legendada em francês e inglês. As autoridades nigerianas não conseguiram ainda confirmar a autenticidade do registo.

A confirmar-se a sua veracidade, a posição conhecida neste sábado vem na sequência de outras acções que têm revelado sinais de aproximação entre o grupo nigeriano e o Estado Islâmico. Em Agosto de 2014, depois de milícias do Boko Haram terem tomado a cidade de Gwoza, na província de Borno (nordeste), Shekau proclamou um “califado” nas zonas que passaram para controlo dos islamistas. Já este ano, um vídeo com execuções perpetradas pelo Boko Haram seguia as mesmas técnicas de propaganda audiovisual usadas pelos jihadistas. Também o Presidente nigeriano Goodluck Jonathan afirmou em Fevereiro dispor de um conjunto de provas que atestavam a ligação entre os dois grupos, embora sem nomeá-las.

O anúncio deste sábado surge numa altura em que se aperta o cerco do Exército nigeriano ao Boko Haram. Apoiados pelos aliados do Chade e dos Camarões, os militares conseguiram recuperar nos últimos meses várias posições estratégicas que estavam sob controlo dos islamistas.

Acossado, o grupo islâmico reuniu na última semana as tropas na sua fortaleza de Gwoza, à medida que prossegue o massacre de civis.

Especialistas ouvidos pela Agência France Press têm alertado para o risco de os ataques aumentarem, especialmente nas áreas mais remotas e à medida que se aproximam as eleições presidenciais e legislativas de 28 de Março. Shekau já prometeu tudo fazer para perturbar a votação, aumentando assim os receios de que as eleições, muito disputadas e, por vezes, fonte de violência política, redundem num desastre.

Neste sábado, a cidade de Maiduguri, capital da província de Borno e berço do Boko Haram, foi sacudida por três violentas explosões atribuídas aos islamistas que fizeram pelo menos 58 mortos e 139 feridos. Desde 2009 que a insurreição islamista e sua repressão pelas forças de segurança nigerianas fizeram mais de 13 mil mortos no país. com agências

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