Kerry no Egipto para relançar relação com "base forte"

Secretário de Estados dos EUA reconhece "alguma tensão" com o anfitrião, mas os EUA querem assegurar cooperação com um aliado estável numa região cheia de problemas.

Foto
Kerry, Sissi e Shoukry reunidos no Cairo Brendan Smialowski/Reuters

Os Estados Unidos e o Egipto vão voltar a ter uma “base forte” na sua relação, recomeçando conversações formais sobre segurança após um intervalo de seis anos marcado por períodos de instabilidade política no país e pela preocupação norte-americana com a falta de respeito pelos direitos humanos.

Apesar destas preocupações se manterem com o actual regime, que ilegalizou a Irmandade Muçulmana, o secretário de Estado John Kerry esteve  no Cairo após a entrega de oito aviões F16 pela Administração norte-americana. Este ano, o Presidente Barack Obama permitiu o recomeço de envio de armas ao regime do Cairo, liderado pelo antigo general Abdel Fattah al-Sissi.

Ao lado do seu homólogo egípcio, Sameh Shoukry, John Kerry disse que as conversações se centraram na cooperação cada vez maior na segurança na fronteira com a Líbia, onde um vazio de poder tem sido explorado por grupos jihadistas.

O norte-americano também disse que o anfitrião tinha concordado com a necessidade de realização de eleições parlamentares, já muito adiadas, e que estas sejam “livres, justas e transparentes”. Kerry reconheceu, “ obviamente, alguma tensão em certas questões”, como as prisões de dissidentes e jornalistas e julgamentos colectivos de grande número de pessoas no Egipto. No mesmo dia, um tribunal do Cairo adiou o veredicto no julgamento de três jornalistas da emissora pan-árabe Al-Jazira, cujas detenções provocaram condenação generalizada.

Washington tem feito algumas críticas ao estado dos direitos humanos no Egipto (onde ONG apontam graves problemas no sistema de justiça, na liberdade de imprensa), mas tem contrabalançado com elogios à manutenção da estabilidade após o derrube do presidente eleito a seguir à queda de Hosni Mubarak, Mohamed Morsi.

O papel do Egipto como aliado dos EUA é cada vez mais importante dado o estado de guerras, caos e conflitos na região: Síria, Iraque, Iémen e Líbia.

Kerry visita o Egipto num périplo para descansar os aliados árabes, preocupados com as consequências na região de um acordo sobre o nuclear iraniano, garantindo que aumenta a segurança na região e não o contrário. A próxima paragem do secretário de Estado são as monarquias do Golfo.

Sugerir correcção
Comentar