Justiça chinesa julga pela primeira vez caso de divulgação de rumores na Internet

Governo chinês lançou campanha contra o lançamento de rumores online e este é o primeiro caso em julgamento.

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Os rumores eram passados através do Weibo, a versão chinesa do Twitter Mark RALSTON/AFP

As autoridades chinesas têm vindo a reforçar, desde o Verão passado, o combate à divulgação de rumores online, com o objectivo de “preservar a estabilidade social”. Esta sexta-feira, foi dado mais um passo nesse sentido com o início do julgamento de um blogger num tribunal de Pequim, que confessou ter espalhado rumores sobre celebridades e membros do governo através do Weibo, a versão chinesa do Twitter.

Qin Zhihui, um blogger de 30 anos que na Internet se apresenta como Qinhuohuo, confessou em tribunal que, entre Dezembro de 2012 e Agosto de 2013, inventou informações sobre individualidades do país para as difamar e atacar a sua reputação, incluindo a apresentadora de televisão Yang Lan, muito popular na China, e o antigo ministro dos Caminhos-de-Ferro, indica a agência noticiosa Xinhua.

Num dos rumores confessados, Qin Zhihui afirmou que o governo chinês pagou 200 milhões de yuans (23 milhões de euros) à família de um passageiro estrangeiro que morreu num acidente com um comboio de alta velocidade, em 2011. Segundo a Xinhua, o rumor foi replicado 12 mil vezes em duas horas e motivou comentários críticos à administração do país.

Qin Zhihui foi detido em Agosto do ano passado, enquanto trabalhava para uma empresa de marketing online, em Pequim. É a primeira pessoa a comparecer em tribunal por acusações de lançar rumores, desde que o Ministério da Segurança Pública iniciou a sua campanha contra este tipo de casos na Internet e deteve vários outros suspeitos.

Esta sexta-feira, em tribunal, a acusação defendeu que as acções de Qin “tiveram um impacto na sociedade e danificaram seriamente a ordem social”, exigindo que seja punido por difamação e por perturbar a paz social.

“Queria apenas que as pessoas vissem o que eu publicava [no Weibo] e fazer com que o discutissem”, confessou Qin, que considera que os seus actos devem “ser punidos por lei”. “Há liberdade de expressão na Internet. Eu passei a linha vermelha e danifiquei severamente a reputação de outros”, disse ainda, pedindo que as suas acções não tenham seguidores.

Se for condenado, arrisca uma pena de prisão de três anos e a privação dos seus direitos políticos. Segundo a legislação chinesa, uma pessoa pode ser acusada de difamação quando os rumores que publicar online forem vistos por mais de 5000 pessoas e replicados mais de 500 vezes.

Qin espera nos próximos dias o veredicto do tribunal.

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