Juan Manuel Santos com mandato renovado para concluir acordo de paz com as FARC

Presidente da Colômbia foi reeleito com 51% dos votos e viu apoiada a sua estratégia de negociações com guerrilheiros.

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Juan Manuel Santos, de 62 anos Jose Miguel Gomez/Reuters

Juan Manuel Santos vai ter a oportunidade de fechar um histórico acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC): o Presidente candidato a um segundo mandato, e que se viu forçado a defender a sua maior aposta política durante uma campanha muito renhida, acabou premiado na segunda volta com uma maioria de 51% dos votos. Oscar Iván Zuluaga, o candidato conservador que recusava compromissos com a guerrilha marxista, obteve 45%.

No seu discurso de vitória, Santos interpretou o resultado como um categórico e decisivo voto de confiança no processo negocial iniciado pelo seu Governo em Dezembro de 2012, com o objectivo de pôr fim ao mais longo conflito da América Latina. Em mais de 50 anos de insurreição, o confronto entre as FARC e o Exército nacional fez 220 mil mortos, 25 mil desaparecidos e mais de 4,7 milhões de refugiados.

“Colombianos de opções muito distintas, incluindo muitos que não simpatizavam com o meu Governo, mobilizaram-se por uma causa: a paz. E mobilizaram-se porque sabem que a História tem os seus momentos, e neste país chegou o momento de pôr fim a um longo e cruel conflito”, declarou o Presidente, que tal como os seus apoiantes, escreveu a palavra mágica na palma da mão.

A dura campanha eleitoral (e, de certa maneira, também os resultados da votação) demonstrou uma divisão do país entre aqueles que acreditam no processo político com a FARC e os que ainda rejeitam a assinatura de um compromisso com a insurreição armada. Depois de agradecer aos primeiros, Juan Manuel Santos fez questão de assegurar aos segundos que a paz não significará “impunidade” para os guerrilheiros. “A mensagem das urnas também foi para as FARC e o ELN [Exército de Libertação Nacional, outro grupo guerrilheiro]. Este é o fim. Está na hora de pôr termo a 50 anos de violência”, sublinhou o Presidente.

O “referendo” ao processo de paz não mobilizou o eleitorado na primeira volta, que registou uma taxa de abstenção de 60%. Na votação de 25 de Maio, foi Oscar Iván Zuluaga, o concorrente apoiado pelo carismático e popular ex-Presidente Álvaro Uribe, que ficou à frente, com 29%. No domingo à noite, o conservador foi gracioso ao reconhecer a derrota, que foi “suavizada” pela ampliação da bancada da direita no parlamento.

Como notava Marcela Prieto, directora do Instituto de Ciências Políticas de Bogotá, em declarações à BBC Mundo, o novo bloco da oposição “pode unir-se em temas estratégicos e converter-se numa pedra no caminho” do Presidente. Ao mesmo tempo, a analista observava que a maior representatividade partidária do parlamento “não é necessariamente má para a democracia no país: não é normal ter 85% da coligação governamental no congresso”.

Os desafios para o segundo mandato de Santos vão além das negociações com as FARC. O Presidente, que se vangloriou dos bons resultados económicos do seu Governo – com um crescimento de 4% – prometeu uma “nova era de liberdade e justiça social”, para que a Colômbia deixe de figurar na tabela dos países mais desiguais do mundo.

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