Tunisino imola-se pelo fogo na principal avenida da capital

"Acto de desespero" de vendedor ambulante replica a acção que originou a revolução da Tunísia.

Um homem tunisino de 27 anos imolou-se pelo fogo em plena Avenida Habib Bourguiba, no centro de Tunes, o local por onde passaram as grandes manifestações que culminaram com o fim do regime autocrático do Presidente Zine El Abidine Ben Ali e o início da Primavera Árabe.

Segundo informou o novo primeiro-ministro tunisino, Ali Larayedh, o indivíduo, identificado como Adel Khadri, encontra-se em estado crítico em consequência do seu “acto de desespero”, que replica a imolação pelo fogo de Mohamed Bouazizi, o vendedor ambulante de Sidi-Bouzid cujo suicídio foi o grito de alerta que lançou a revolução no país.

Tal como Bouazizi, o homem de Tunes encontrava-se desempregado e tentava sobreviver como vendedor ambulante, debaixo da pressão da polícia, que o teria impedido de continuar a sua actividade comercial. “Vejam o que é o desemprego, vejam a juventude condenada a vender cigarros na rua”, gritou, antes de atear o fogo em si próprio.

Segundo o relato da agência France Press, o vendedor imolou-se pelo fogo em frente do Teatro Municipal, na artéria mais movimentada da cidade, perante o olhar de centenas de transeuntes, que não conseguiram impedir o gesto.

Adel Khadri é natural da localidade de Jendouba, no Noroeste da Tunísia, e tem três irmãos que dependem dele. "Está desempregado e veio para a capital há alguns meses. Encontra-se numa situação muito frágil, muito afectado psicologicamente", explicou um porta-voz do ministério do Interior, Khaled Tarrouche.

"Não corre risco de vida, mas tem queimaduras de terceiro grau na cabeça e nas costas", informou o porta voz da Protecção Civil, Mongi Khadhi.

Dois anos depois da revolução, a Tunísia vive uma situação de grave crise económica e de impasse político.

Apesar de o país ter registado uma taxa de crescimento de 3,6% em 2012, a taxa de desemprego ainda bate nos 17%, e mais importante sector da economia, o turismo, continua a ser afectado pela instabilidade política.

O anterior governo de coligação, liderado pelo partido islamista Ennahda, caiu após o assassínio do activista e opositor Chokri Belaid, a 6 de Fevereiro. A assembleia Nacional Constituinte, que ainda não conseguiu produzir uma Constituição, vota hoje a confiança ao novo executivo do islamista Ali Larayedh.

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