José Eduardo dos Santos admite que está há “demasiado” tempo no poder

O Presidente de Angola está no poder desde 1979. As declarações foram feitas numa entrevista a um jornalista do Brasil.

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José Eduardo dos Santos, Presidente angolano Enric Vives-Rubio

Em entrevista a um canal brasileiro, que foi para o ar no final de Outubro, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, reconheceu que está há “demasiado” tempo no poder, mas ressalvou terem existido “razões conjunturais”, como a guerra no país, que justificam a situação.

As afirmações foram feitas numa entrevista para uma série de documentários sobre presidentes africanos, emitidos pelo canal brasileiro TV Bandeirantes.

Na entrevista, o jornalista recorda que Eduardo dos Santos está no poder desde 1979 e que ganhou duas eleições recentemente, antes de questionar: “O senhor não acha que é muito tempo no poder? Como é que o senhor se sente?”

“Eu acho que é muito tempo, até demasiado, mas também temos que ver as razões de natureza conjuntural que nos levaram a esta situação”, respondeu Eduardo dos Santos, que argumentou que a guerra impediu o funcionamento da democracia. “O País esteve em guerra cerca de 40 anos desde que começou o processo de libertação nacional, mas, depois da independência, acho que foram trinta e tal anos de guerra, em que o país ficou adiado, portanto não pôde consolidar essas instituições do Estado, nem sequer pôde tornar regular o funcionamento do processo de democratização, por isso muitas vezes as eleições tiveram que ser adiadas”.

Eduardo dos Santos, de 71 anos, está no poder desde 1979, ano em que sucedeu a Agostinho Neto, o primeiro Presidente angolano, tanto na liderança do país, como na liderança do MPLA, o Movimento Popular de Libertação de Angola.

Na entrevista, o Presidente de Angola acrescentou ainda que, se o país tivesse retomado o processo regular de realização de eleições em 1992, “certamente” já não seria chefe de Estado. “A conjuntura não permitiu que realizássemos eleições e fui ficando até que realizámos estas eleições. Penso que daqui para frente as coisa vão mudar”, acrescentou.
 
 
 

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