Jornalista da Al-Jazira preso há mais de um ano no Egipto foi deportado

Peter Greste foi detido em Dezembro de 2013, juntamente com Mohamed Fahmi e Baher Mohamed. Desconhece-se a situação dos outros repórteres.

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Peter Greste a trabalhar como jornalista da Al-Jazeera, numa foto de arquivo Thomas Mukoya/ REUTERS

O Egipto deportou, este domingo, um jornalista australiano da televisão pan-árabe Al-Jazira, que estava preso há mais de um ano e tinha sido condenado a sete anos de cadeia.

Peter Greste foi detido em Dezembro de 2013, juntamente com egipto-canadiano Mohamed Fahmy, também jornalista e director de redacção da televisão do Qatar no Cairo. Na mesma altura foi ainda detido um terceiro profissional da estação, o produtor egípcio Baher Mohamed.

Os jornalistas foram condenados a penas de sete a dez anos de prisão em Junho de 2014 por “difusão de falsas afirmações” de “apoio” à Irmandade Muçulmana, do Presidente derrubado Mohamed Morsi, uma organização agora classificada como terrorista no Egipto. Os três negam as acusações e dizem que apenas estavam a fazer o seu trabalho.

Segundo a agência egípcia, Peter Greste foi libertado depois de 400 dias de detenção e embarcou num voo com destino ao Chipre às 16h (hora local, 9h em Lisboa).

A BBC diz que o Egipto terá decidido revogar a nacionalidade a Mohamed Fahmy, abrindo a porta à sua deportação para o Canadá. Essa informação não está oficialmente confirmada. De momento, não existem quaisquer dados sobre uma eventual alteração da situação de Baher Mohamed.

A decisão de deportar Greste para a Austrália foi tomada por "decreto presidencial", disse à AFP um alto responsável do Ministério do Interior egípcio.

No início do ano, a justiça egípcia tinha decretado a repetição do julgamento do a repetição do julgamento dos três jornalistas da Al-Jazira, considerando que houve demasiadas falhas processuais no primeiro. Mas a instância judicial máxima do país não decretou, ao contrário do que esperavam as famílias, a libertação imediata dos detidos. Greste e Mohamed Fahmi tinham pedido para serem deportados.  

Na altura, o Presidente Abdel Fatah al-Sisi manifestou-se favorável a essa solução, tendo também admitido a possibilidade de conceder perdões presidenciais aos jornalistas estrangeiros.

Segundo explica a BBC, a legislação egípcia prevê que nos casos de deportação a pena seja integralmente cumprida no país de origem do detido, ou que este seja de novo julgado. Por enquanto não é claro saber se alguma destas condições será aplicada a Peter Greste, cujo processo de deportação foi negociado pela embaixada australiana no Cairo.

Não há notícias sobre o que se passa com Fahmy, que necessita de tratamento para hepatite C e para uma lesão que sofreu no ombro pouco tempo antes de ter sido detido. Numa declaração publicada na sua página de Internet, a Al-Jazira congratula-se pela libertação de Peter Greste, e promete não sossegar enquanto os seus companheiros de trabalho não recuperarem a sua liberdade. "As autoridades egípcias têm o poder para resolver este assunto ainda hoje, e é isso que devem fazer", sublinha o director-geral da Al-Jazira, Mostefa Souag.

Há pelo menos outros 16 jornalistas presos no Egipto - além de mais de 16 mil presos políticos - actualmente no Egipto. Outras estimativas fazem chegar o número de prisioneiros de consciência até aos 40 mil. Dentro do Egipto, no entanto, há quem encare os jornalistas da televisão Al-Jazeera como um alvo legítimo, sublinha o jornal The Guardian, pois a televisão do Qatar promovia a visão da Irmandade Muçulmana - uma organização apoiada pelo Governo do Qatar.


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