John Kerry é o novo secretário de Estado de Obama

Hillary Clinton queria sair, e o senador era quase uma escolha natural - depois de Susan Rice, a preferida do Presidente, ter de se afastar, por pressão republicana.

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Obama e Kerry na Casa Branca Mandel NGAN/REUTERS

John Kerry será o próximo secretário de Estado norte-americano, substituindo Hillary Clinton, que não queria permanecer no cargo. “Kerry preparou-se a vida inteira” para este cargo, disse Obama, com o senador democrata ao seu lado, na Casa Branca.

Após a saída da corrida da embaixadora norte-americana na ONU Susan Rice, violentamente contestada pelos republicanos, sobretudo por ter sido ela que veio dar explicações sobre o atentado ao consulado norte-americano em Bengasi, no qual foi morto o embaixador dos EUA na Líbia, a escolha de Kerry era dada como certa.

O Partido Republicano prometeu aprovar sem problemas a nomeação de John Kerry, senador democrata do Massachussets há muito tempo e candidato derrotado às presidenciais em 2004, frente a George W. Bush. Nessa altura, a campanha republicana dirigiu contra ele uma campanha destruidora, pondo em causa o seu serviço no Vietname, por ter participado no movimento de protesto contra a guerra.

John Kerry é membro do Comité de Relações Exteriores do Senado há três décadas e lidera-o nos últimos anos. Obama encarregou-o de várias missões diplomáticas – foi mesmo um nome possível para secretário de Estado em 2008, antes de Obama ter decidido enterrar o machado de guerra com a sua rival nas primárias democratas convidando-a para o cargo.

Uma das primeiras decisões que Kerry deverá ter como secretário de Estado é aumentar a segurança das missões diplomáticas em locais muito perigosos, como a Líbia ou o Iraque, por exemplo, cumprindo a recomendação do relatório sobre o ataque ao consulado de Bengasi, divulgado esta semana.

Mas os desafios que Kerry enfrentará são múltiplos: as Primaveras Árabes, a disputa por causa do nuclear do Irão com o Ocidente (e também a insistência da Coreia do Norte em desenvolver armas nucleares), além de pôr fim à guerra no Afeganistão.

Em todo este cenário, destaca-se, pela premência, a questão síria. A certa altura, Kerry liderou uma iniciativa de diálogo com o Presidente Bashar Al-Assad para tentar convencê-lo a acabar com a repressão dos protestos. Mas, sublinha a CNN, também fez apelos a que se armasse a oposição e a que a NATO fizesse ataques aéreos sobre as forças de Assad — algo a que a Administração Obama tem resistido.

A nomeação de Kerry é vista como um sinal de que Obama pode estar a falar a sério quando prometeu dar novo fôlego à questão das alterações climáticas, que no primeiro mandato foi subalternatizada. Ele interessa-se bastante pelo clima e e pela energia e, segundo a CNN, estas são áreas a que consagraria uma atenção especial. A sua mulher, Teresa Heinz Kerry, tem usado a sua fortuna para apoiar vários grupos ambientalistas.

“Ao virarmos a página numa década de guerra, Kerry compreender que temos de dominar todos os elementos do poder americano para garantir que funcionam em conjunto”, disse Obama, com o novo responsével pela diplomacia americana ao seu lado. “John conquistou o respeito e a confiança dos líderes de todo o mundo. Não vai precisar de muita formação.”

 

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