Jihadistas do Daesh admitem morte do seu “ministro da guerra”

Para os EUA, o chefe de guerra conhecido como “Omar, o Tchetcheno” ocupava uma posição equivalente à de principal responsável militar do grupo.

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Omar al-Shishani numa imagem de Julho de 2014, na Síria AFP

O Pentágono já anunciara a morte do chefe militar nascido na Geórgia e que em 2013, pouco depois se decidir aliar ao líder do Daesh (como é chamado na região em que está presente o autodenominado Estado Islâmico), era nomeado emir da “frente norte da Síria”. Agora, restam poucas dúvidas sobre o desaparecimento de “Omar, o Tchetcheno”, que entretanto se tornara um dos principais dirigentes da estrutura militar do grupo liderado por Abu Baqr al-Baghdadi.

Citando uma “fonte militar”, o site Amaq, ligado aos jihadistas, escreve que Omar al-Shishani (de seu nome verdadeiro Tarkhan Tayumurazovich Batirashvili) foi morto “em Sharqat quando participava na resistência à campanha militar na cidade de Mossul”, a segunda maior cidade do Iraque e a última nas mãos dos radicais em território iraquiano.

Quando garantiu que Omar tinha sido morto num bombardeamento, em Março, o porta-voz do Pentágono descrevera as consequências do seu desaparecimento dizendo que iria “afectar a capacidade de o Daash recrutar combatentes estrangeiros, especialmente tchetchenos e pessoas vindas do Cáucaso”, assim como a capacidade dos jihadistas em “coordenar a defesa dos seus principais bastiões” – Raqqa, na Síria, e Mossul, no Iraque.

O jovem chefe militar, nascido em 1986 na Geórgia, “ocupou várias responsabilidades na liderança da organização militar do Estado Islâmico, incluindo a de ministro de guerra”, descreveu na altura o porta-voz, Peter Cook. Internamente, a sua reputação era de “combatente aguerrido” e “conselheiro de estratégia” de Baghdadi. Numa biografia publicada online e citada pela AFP, um simpatizante do Daash garante que Omar “nunca perdeu nenhuma das suas batalhas”.

Conhecido pela sua espessa barba ruiva, “o Tchetcheno” nascido na Geórgia começou a combater apenas com 21 anos num exército georgiano que era então treinado pelos Estados Unidos. Em 2010, é detido por posse ilegal de armas e é nos dois anos que passa na prisão que se radicaliza. “Enquanto fui prisioneiro na Geórgia, jurei fidelidade diante de Deus e jurei que, em caso de sair vivo da detenção, iria fazer a jihad”, recordava no fim de 2013, numa rara entrevista.

Pouco depois de ser libertado, viaja para a Turquia, onde chega em 2012 e onde passa vários meses antes de atravessar a fronteira a caminho da Síria para lutar contra o regime de Bashar al-Assad. Durante algum tempo, ainda integra as fileiras de uma milícia que luta ao lado de rebeldes apoiados por Washington e é nesse período que se torna célebre pelo seu papel na conquista da base militar de Menagh, em 2013. A base esteve cercada durante dois anos até cair nas mãos da insurreição.

Ao longo do ano seguinte, já com Omar como membro destacado, o grupo de extremistas lança-se à conquista de cidades, primeiro na Síria e, depois, no Iraque, conquistando sem grande oposição Falluja, mas também a enorme Mossul, 250 quilómetros a norte de Bagdad.

A morte de Omar é mais um golpe para os jihadistas que desde o início do ano enfrentam a pressão de várias frentes de ataque (de milícias apoiadas por ar pelos bombardeamentos dos EUA e de outros aliados), tanto no Iraque como na Síria, tendo perdido o controlo de Falluja (na estrada que leva de Bagdad à fronteira do Iraque com a Síria) e vastos pedaços de território de um e de outro lado da fronteira.

À medida que o grupo controla cada vez menos regiões, cresce o número de atentados suicidas, muitos coordenados, que lança em centros urbanos com o objectivo de matar o maior número possível de civis. A tendência indica que quanto mais território perder, mais estes ataques se tornarão frequentes.

A capital do Iraque tem sido um dos alvos preferenciais. Ainda no dia 4 de Julho, horas depois da quebra do jejum num dos últimos dias do Ramadão, numa movimentada rua de lojas e cafés de Bagdad foram mortas quase 300 pessoas, incluindo muitas crianças, no que foi um dos piores ataques no país desde a invasão norte-americana em Março de 2003.

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