Estado Islâmico entra em campo de refugiados nos arredores de Damasco

Fontes no local dizem que há confrontos no interior do campo de Yarmouk, onde vivem, em condições muito precárias, 18 mil refugiados. É a primeira vez que o Estado Islâmico alcança a capital da Síria.

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As condições de vida em Yarmouk são "inaceitáveis", diz o ACNUR ANWAR AMRO/AFP

Combatentes do autoproclamado Estado Islâmico entraram nesta quarta-feira no campo de refugiados palestinianos de Yarmouk, a sete quilómetros de Damasco, a capital síria. A notícia foi confirmada por responsáveis palestinianos e por activistas dos direitos humanos sírios que disseram que os jihadistas controlam largas zonas do recinto.

Há confrontos entre os jihadistas e grupos dentro do campo onde estão 18 mil refugiados palestinianos. O ataque do Estado Islâmico está a ser repelido por membros do Aknaf Beit al-Maqdis, um grupo armado palestiniano próximo do Hamas que tem lutado contra as forças governamentais sírias, e por combatentes do Exército Livre da Síria, outro grupo rebelde, de acordo com a BBC. Aviões militares e artilharia do Exército sírio estão também a bombardear Yarmouk, disse o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Testemunhas ouvidas pelas agências noticiosas internacionais explicaram que os jihadistas do Estado Islâmico entraram a partir de um subúrbio de Damasco, Hajar Aswad, junto ao campo de refugiados instalado numa zona urbana. Esta é a primeira incursão conhecida do Estado Islâmico na capital síria, bastião importante das forças leais ao Presidente Bashar al-Assad. É no Norte do país que o grupo controla alguns territórios, sendo Raqqa, com 200 mil habitantes, a principal cidade sob o seu domínio.

"O EI controla agora grandes partes do campo", anunciou o OSDH. Um responsável da Organização de Libertação da Palestina (OLP) em Damasco disse à AFP que os jihadistas controlam "a maior parte do campo".

O autodenominado Estado Islâmico controla vastos territórios na Síria e no Iraque onde proclamou um califado. O campo de Yarmouk foi criado para albergar os palestinianos que fugiram da guerra israelo-árabe e a que foi apanhado na guerra síria — que começou em 2011, opondo as forças de Assad à oposição armada que o quer destituir.

Antes da guerra, o campo chegou a acolher 160 mil pessoas e dispunha de hospitais, escolas, mesquitas e outros serviços, mas o cerco feito pelas forças governamentais provocou graves faltas de água, comida e medicamentos e levou a maioria a fugir. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) considerou que as condições de vida em Yarmouk são "inaceitáveis" e que os refugiados enfrentam "dificuldades extremas".

A Jordânia anunciou o fecho temporário da principal passagem fronteiriça com a Síria por causa dos combates entre os rebeldes e as forças governamentais que disputam o controlo do posto. O ministro do Interior, Hussein Majali, justificou a medida como "preventiva" com o objectivo de "salvaguardar as vidas e a segurança dos viajantes devido aos combates em curso do outro lado da fronteira".

O posto de Jaber, denominado Nassib no lado sírio, é o único que permanece sob controlo do regime de Damasco. A zona fronteiriça com a Jordânia foi palco de várias batalhas durante os últimos dois anos, com os rebeldes a conseguirem o controlo de quase todos os postos.
 

   

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