Antigo ministro francês condenado a três anos de prisão por evasão fiscal

Jerome Cahuzac, ministro do Orçamento, mantinha centenas de milhares de euros numa conta secreta na Suíça. Ex-mulher foi condenada a dois anos de prisão.

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O ex-ministro francês Reuters/PHILIPPE WOJAZER
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A ex-mulher Patricia Menard AFP/PHILIPPE LOPEZ

Jerome Cahuzac, antigo ministro francês do Orçamento, foi condenado nesta quinta-feira a três anos de prisão efectiva pelos crimes de evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Arauto do combate à fraude fiscal, o ministro foi forçado a demitir-se em 2013 após a revelação de que mantinha centenas de milhares de euros numa conta na Suíça, nunca declarada às autoridades tributárias francesas.

Além de Cahuzac, que fica igualmente impedido de ocupar qualquer cargo público durante cinco anos, também a sua ex-mulher, Patricia Menard, foi condenada a dois anos de prisão, noticiou a AFP.

O tribunal decidiu ainda impor uma multa de 1,875 milhões de euros ao banco Reyl, sediado em Genebra, considerando que a instituição serviu como “instrumento para a dissimulação de bens” do antigo ministro. A instituição conseguiu, ainda assim, não ficar proibida de exercer qualquer actividade bancária em território francês, ao contrário do que tinha sido pedido pelo Ministério Público, acrescenta a agência de notícias. Já o presidente do banco, o francês François Reyl, foi condenado a um ano de pena suspensa e ao pagamento de uma multa de 375 mil euros. 

A demissão de Cahuzac – que deverá recorrer da decisão, suspendendo o veredicto – representou um duro golpe para o mandato, então ainda no primeiro ano, de François Hollande, o Presidente que depois dos escândalos que mancharam o antecessor, Nicolas Sarkozy, tinha prometido uma “República irrepreensível”. Uma mancha maior porque Cahuzac era não um ministro qualquer, mas precisamente o responsável pelo combate à evasão fiscal, defensor de uma linha dura que lhe valera a alcunha de “justiceiro”.

Em Dezembro de 2012, o site de investigação Mediapart noticiou que Cahuzac tinha tido até 2010 uma conta na Suíça, nunca declarada ao fisco, tendo transferido o dinheiro ali depositado para uma conta em Singapura, meses antes de ter tomado posse.

O ministro negou as acusações e obteve o apoio de Hollande, que decidiu mantê-lo no cargo ao abrigo do princípio de presunção de inocência, mas depois de o Ministério Público ter aberto uma investigação ao caso acabou por confessar, a 2 de Abril, que tinha desviado para a conta na Suíça mais de 600 mil euros. Demitiu-se do Governo e o Partido Socialista anunciou a sua expulsão.

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