Já foram resgatados mais de 120 corpos no naufrágio do ferry sul-coreano

181 pessoas ainda estão desaparecidas

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As melhores condições climatéricas permitiram acelerar as operações de resgate JUNG YEON-JE/AFP

Mais de uma centena de corpos, vítimas do naufrágio de um ferry na Coreia do Su,l já foram recuperados e o mais provável é que esse número triplique mesmo. As autoridades sul-coreanas continuam empenhadas em recuperar os corpos de quase duas centenas de pessoas desaparecidas, na maioria alunos do ensino secundário, do navio que transportava 476 passageiros e que se afundou ao largo da costa, a sul de Seul, na manhã de 16 de Abril.

Segundo os últimos dados oficiais, há já 121 mortes confirmadas e 181pessoas ainda estão desaparecidas. As autoridades sul-coreanas acreditam que os corpos dos desaparecidos se encontram ainda dentro dos compartimentos do navio.

As marés mais calmas e as melhores condições climatéricas permitiram que nesta terça-feira se conseguisse acelerar as operações de resgate; contudo, a visibilidade dentro de água continua muito reduzida. "É muito difícil, para os mergulhadores, encontrar os corpos com a água assim tão enlameada", disse um porta-voz da Guarda Costeira à agência francesa AFP. Os mergulhadores estão com grandes dificuldades pois continuam a avançar praticamente “às cegas” pelos labirintos dos corredores e camarotes da embarcação.

Os familiares dos desaparecidos, principalmente os pais dos jovens alunos, aguardam desesperadamente, todas as manhãs, no porto de Jindo – a ilha mais próxima do local do desastre –, a chegada de barcos de resgate. Contudo, a esperança em encontrar sobreviventes é agora praticamente inexistente. Frustrados com a lentidão das operações de socorro, os familiares já só pedem aos mergulhadores que consigam encontrar os corpos dos seus parentes. "Eu só quero ver o meu filho", murmurou o pai de um aluno. "Eu quero segurá-lo nos braços e dizer-lhe adeus. Não consigo suportar a ideia de ele estar num local escuro e frio."

A tragédia está a abalar profundamente toda a Coreia do Sul, cuja população está ainda a tentar compreender como foi possível que um desastre desta magnitude pudesse acontecer no seu país, uma nação desenvolvida, com sistema democrático consolidado e líder mundial em vários sectores da economia.

Os pais das vítimas, a imprensa e a sociedade civil em geral têm expressado toda a sua raiva e incompreensão pela forma como as operações estão a decorrer. Os visados têm sido a Guarda Costeira, os políticos e até o primeiro-ministro, Jung Hong-won, foi vaiado. Mas é sobretudo o capitão da embarcação, Lee Joon-Seok, que mais tem sofrido a ira do povo sul-coreano. Preso, juntamente com seis tripulantes, foi acusado de negligência e incapacidade de garantir a segurança dos seus passageiros.

Lee Joon-Seok é acusado de não ter mandado evacuar a embarcação, após o choque, quando ainda havia tempo de retirar os passageiros (40 minutos foi o tempo que demorou o barco a afundar-se) e de ter abandonado o navio com centenas de pessoas a bordo.

O capitão e dois terços da tripulação estão entre as 174 pessoas resgatadas com vida, imediatamente após o naufrágio. Um dos marinheiros resgatados afirma que tentaram utilizar os botes salva-vidas, mas a inclinação do navio impediu que estes fossem lançados ao mar (apenas um dos 46 botes salva-vidas foi lançado ao mar).

As comunicações, tornadas públicas neste fim-de-semana, entre o navio e as autoridades marítimas mostram uma tripulação em pânico, incapaz de tomar uma decisão, enquanto o ferry está perto do naufrágio.  

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